O setor náutico brasileiro movimenta anualmente cerca de R$ 1 bilhão apenas em impostos arrecadados pela indústria, além de gerar aproximadamente 150 mil empregos diretos e indiretos.
No entanto, o país ainda enfrenta um déficit estrutural significativo. Atualmente, existem apenas cerca de mil pontos regulares de apoio náutico — como marinas, iates clubes e garagens —, frente a uma demanda estimada de 60 mil vagas para embarcações de lazer, segundo a Associação Brasileira dos Construtores de Barcos e seus Implementos (ACOBAR).
Nesse cenário, o litoral norte de Santa Catarina se destaca como uma exceção, especialmente a cidade de Itajaí, que se consolidou como o maior polo de produção náutica do Brasil, concentrando mais de 50% da fabricação de embarcações do país.
Infraestrutura náutica impulsiona desenvolvimento regional
De acordo com a ACOBAR, cada instalação de apoio náutico com capacidade para 300 embarcações pode gerar um impacto econômico anual de até R$ 141 milhões, considerando efeitos diretos, indiretos e induzidos, além da criação de cerca de 780 empregos.
Um dos principais exemplos desse impacto é o complexo da Marina Itajaí. Com uma década de funcionamento, a marina desempenhou papel relevante na requalificação urbana da área da beira-rio, contribuindo para a valorização imobiliária da cidade.
Atualmente, Itajaí possui o maior Produto Interno Bruto (PIB) de Santa Catarina e figura como a quarta cidade mais valorizada do país, segundo o índice FipeZap. O preço médio do metro quadrado no município é de R$ 12.376, e em áreas próximas à marina pode ultrapassar os R$ 40 mil.
A Marina Itajaí conta com 405 vagas para embarcações — divididas entre espaços secos e molhados — e abriga mais de 20 estabelecimentos comerciais, incluindo restaurantes. O local também sedia eventos como o Marina Itajaí Boat Show, considerado o maior do sul do país, e possui projetos de expansão em andamento, como o Boulevard Marina Itajaí, shopping voltado à atividade náutica.
Potencial de crescimento para o setor no Brasil
Segundo Eduardo Colunna, presidente da ACOBAR, investimentos em infraestrutura náutica como os realizados em Itajaí são fundamentais para o desenvolvimento econômico.
“O setor tem potencial para contribuir ainda mais com a economia brasileira. Estruturas de apoio geram empregos, promovem o turismo e impulsionam outros setores, como o imobiliário e o comércio local”, afirma.
Apesar do destaque de algumas regiões, o mercado náutico brasileiro ainda apresenta grande margem de crescimento. Com mais de um milhão de embarcações registradas no país, a ampliação da infraestrutura de apoio é apontada por especialistas como um dos principais desafios para o avanço sustentável do setor nos próximos anos.