O Nordeste registrou um saldo positivo de 37.090 novos postos de trabalho em fevereiro, o que representa 8,6% do total de 431.995 novos empregos gerados no Brasil.
No acumulado do ano, a região apresenta um saldo de 34.419 novos empregos, correspondendo a 6% do total gerado no País, o que equivale a uma média de cerca de 17 mil empregos líquidos por mês. Esses dados foram analisados pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) a partir do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), cujos números foram divulgados nesta sexta-feira (28).
Reversão de Tendência e Crescimento no Setor de Serviços
Segundo o economista Miguel Vieira Araújo, da Sudene, o resultado de fevereiro representa uma reversão em relação ao desempenho negativo observado em janeiro, destacando o caráter sazonal dos números de cada mês.
O desempenho positivo do Nordeste acompanhou o crescimento do mercado de trabalho em todo o Brasil, que gerou 432 mil novos empregos com carteira assinada, o maior saldo mensal registrado na nova série histórica do CAGED.
O setor de serviços foi o principal motor dessa recuperação, sendo responsável por 78% do saldo positivo da região. Entre os estados, a Bahia se destacou, com 20.132 novos postos de trabalho, representando mais da metade do total da região.
Os estados de Pernambuco e Ceará também apresentaram bons resultados, com 7.588 (20,5%) e 6.488 (17,5%) novos postos de trabalho, respectivamente. Outros estados, como Piauí (2.994), Rio Grande do Norte (2.495), Maranhão (1.470), Sergipe (869) e Paraíba (525), também tiveram desempenhos positivos. Em contrapartida, Alagoas apresentou uma redução de 5.471 postos de trabalho.
Destaques Dentro do Setor de Serviços
Dentro do setor de serviços, a Bahia, Pernambuco e Ceará se destacaram com os maiores saldos, com 11.473, 6.070 e 3.339 novos postos de trabalho, respectivamente. Em termos proporcionais, o setor de serviços foi responsável pela maior parte do saldo positivo em oito dos nove estados nordestinos, com exceção de Alagoas.
Na Paraíba, o setor de serviços teve um saldo cerca de três vezes maior do que o saldo total do estado. Um cenário semelhante foi observado em Sergipe, onde o setor representou quase o dobro do saldo total de empregos.
O subsector de educação teve uma grande contribuição para esse crescimento, com 10.572 novos postos de trabalho, correspondendo a cerca de 37% do saldo positivo do setor de serviços na região.
A Bahia, Pernambuco e Ceará, com 2.254, 2.180 e 1.971 novos postos de trabalho, respectivamente, responderam por cerca de 60% do saldo gerado na educação. As “Atividades Administrativas e Serviços Complementares” também tiveram bom desempenho, com 7.160 novos postos, destacando-se a Bahia (3.586) e Pernambuco (1.977).
Desempenho de Outros Setores
Além do setor de serviços, os setores da construção e do comércio também tiveram um desempenho positivo. Juntos, esses setores geraram 6.081 e 5.752 novos empregos, respectivamente, no Nordeste.
Na construção, os estados de Ceará, Pernambuco e Bahia foram responsáveis por mais de 60% do saldo da região, com 1.317, 1.276 e 1.170 novos postos de trabalho, respectivamente. Em termos proporcionais, os estados da Paraíba e Sergipe destacaram-se, com a construção representando 83% e 81% do saldo total de empregos desses estados, respectivamente.
No comércio, os estados da Bahia e Ceará também se destacaram, com saldos de 2.552 e 1.155 novos postos de trabalho, respectivamente, representando cerca de 64% do total do setor no Nordeste. Proporcionalmente, o comércio foi responsável por 23,5% do saldo de empregos em Sergipe e por cerca de 22,4% no Maranhão e no Rio Grande do Norte.
Desafios no Setor Industrial e Agropecuário
O setor industrial, por sua vez, teve um desempenho misto. A Bahia liderou com 2.462 novos postos de trabalho, enquanto o Ceará (762), Maranhão (420) e Piauí (80) também apresentaram saldo positivo.
No entanto, outros estados, como Alagoas, apresentaram resultados negativos no setor industrial, com destaque para o desempenho negativo expressivo da Indústria de Transformação (-2.426 postos de trabalho). A região como um todo teve um saldo negativo de -1.976 postos de trabalho na indústria.
No setor agropecuário, apenas a Bahia (2.476 postos), o Piauí (518) e o Maranhão (347) apresentaram saldos positivos. No total, o Nordeste registrou uma redução de 1.641 postos de trabalho no setor agropecuário.
Os dados de fevereiro mostram uma recuperação significativa do mercado de trabalho no Nordeste, especialmente no setor de serviços. Embora alguns desafios ainda persistam, como os resultados negativos no setor industrial e agropecuário, o crescimento de empregos nos setores de comércio e construção sugere um panorama positivo para a região no curto prazo.