“Declarei o inglês como a língua oficial dos Estados Unidos” foi uma das frases mais marcantes de Donald Trump em seu primeiro discurso ao Congresso Americano de 2025, na última terça (4). O presidente dos EUA assinou a ordem executiva declarando o inglês como a língua oficial no sábado (1).
Essa é a primeira vez, em quase 250 anos de história do país, que um idioma é oficialmente reconhecido em nível federal. Até então, os EUA não tinham uma língua nacional estabelecida por lei, mantendo um modelo multicultural de integração.
Com a medida, órgãos federais e instituições que recebem recursos do governo poderão optar por restringir ou suspender o atendimento e a oferta de documentos em outros idiomas. Isso representa uma mudança significativa em relação à política anterior, implementada no ano 2000 pelo então presidente Bill Clinton, que obrigava agências públicas a oferecer serviços em diversos idiomas para atender a população imigrante e falantes de outras línguas.
Impactos para a sociedade e para a política imigratória
Um novo direcionamento para a política linguística
A decisão do presidente reforça sua conhecida postura rígida em relação à imigração e à identidade cultural do país. Ao tornar o inglês a língua oficial dos Estados Unidos, o governo busca promover uma maior integração linguística e fomentar o aprendizado do idioma entre imigrantes. A justificativa apresentada é que o domínio do inglês facilita a participação cívica, melhora o acesso ao mercado de trabalho e fortalece o senso de pertencimento à sociedade americana.
Contudo, críticos apontam que a medida pode impactar negativamente grupos de imigrantes que ainda estão em processo de adaptação, especialmente os que falam espanhol, chinês e árabe, as línguas mais comuns além do inglês, segundo o Censo americano.
Impacto sobre os serviços públicos e comunidades imigrantes
A mudança também afeta diretamente como os serviços públicos são oferecidos. Atualmente, diversos órgãos federais disponibilizam informações e atendimentos em múltiplos idiomas. Com a nova ordem, essa prática pode ser flexibilizada ou até encerrada, dependendo da decisão de cada agência.
Possíveis consequências incluem:
- Redução de materiais informativos em idiomas estrangeiros.
- Dificuldades de acesso a serviços essenciais para imigrantes recentes.
- Potencial aumento na demanda por intérpretes e tradutores voluntários.
- Maior pressão sobre comunidades locais para apoiar a inclusão linguística.
Comunidades indígenas e falantes de línguas nativas também podem ser impactadas, visto que mais de 160 línguas indígenas são faladas nos EUA.
Por que os EUA nunca tiveram uma língua oficial antes?
Diferentemente de muitos países que reconhecem uma ou mais línguas oficiais, os Estados Unidos historicamente evitaram estabelecer um idioma nacional.
Isso se deve, em parte, à tradição de acolher imigrantes de diferentes origens e à valorização do multiculturalismo. Estados como Havaí e Alasca, por exemplo, reconhecem oficialmente línguas indígenas e locais, ao lado do inglês.
Essa flexibilidade sempre foi vista como um reflexo da diversidade cultural do país, permitindo que novas comunidades preservassem suas línguas e culturas enquanto se integravam à sociedade americana.

O que diz a ordem executiva assinada por Trump?
O documento assinado por Trump afirma que a adoção do inglês como língua oficial é uma estratégia para:
- Promover a unidade nacional.
- Facilitar a comunicação entre governo e cidadãos.
- Estimular o aprendizado do inglês por novos imigrantes.
- Fortalecer o engajamento cívico.
Embora a ordem não obrigue a remoção imediata de serviços multilíngues já existentes, ela dá liberdade para que agências revisem suas políticas e limitem a oferta de materiais em outros idiomas.
A decisão de Trump de declarar o inglês como língua oficial dos Estados Unidos representa uma mudança simbólica e prática na forma como o governo federal se comunica com seus cidadãos. Enquanto defensores da medida a veem como uma ferramenta para fortalecer a identidade nacional e promover a eficiência administrativa, críticos alertam para riscos de exclusão linguística e discriminação contra minorias linguísticas.
Nos próximos meses, o debate sobre a implementação e os impactos reais dessa medida deverá ganhar ainda mais espaço no cenário político e social dos Estados Unidos.