Analistas e gestores de renda variável afirmam que a Bolsa brasileira possui uma quantidade significativa de ações subvalorizadas. Mesmo com a recuperação do Ibovespa, que subiu de 120 mil para 129 mil pontos, as expectativas ainda indicam que muitos papéis estão distantes de seu valor justo. Essa situação é vista como uma oportunidade por investidores dispostos a assumir riscos em períodos de incerteza.
Carlos Müller, sócio da Garoa Wealth Management, destaca que “ainda existem boas oportunidades na renda variável para o médio e longo prazo”. Segundo ele, empresas com fundamentos sólidos continuam apresentando bons resultados e estão se tornando proporcionalmente mais acessíveis. Já Fernando Camargo Luiz, sócio fundador da Trópico Investimentos, complementa que “muitas dessas oportunidades estão disponíveis a preços extremamente atrativos”.
Ações Baratas: Análise dos Especialistas
A seguir, gestores do mercado listam ações com forte potencial de valorização. A análise de João Mamede, gestor de equity da AZ Quest, destaca a varejista C&A, que apresenta um desempenho superior à sua principal concorrente, a Renner (LREN3), tanto em crescimento quanto em valuation.
No segmento de joias, a Vivara também se destaca, após uma queda de pouco mais de 12% em suas ações nos últimos 12 meses. Mamede afirma que, apesar da desvalorização do setor, a companhia possui bons fundamentos e valuation atrativo.
Empresas do Setor de Proteínas
Entre as ações escolhidas, a JBS (JBS33) é mencionada por Mamede, que acredita que seus planos de listagem nos Estados Unidos podem resultar em uma reprecificação positiva do papel. A companhia, segundo ele, tem o potencial de acessar um número maior de investidores, o que pode facilitar o financiamento de suas operações.
Outro destaque é uma provedora de internet, considerada “uma das empresas mais baratas da Bolsa” por Fernando Camargo Luiz, dada sua capacidade de expansão apesar de ainda não gerar caixa operacional.
Empresas do Setor de Energia
Luiz também menciona outra companhia de energia com alavancagem de apenas 1,3x e um lucro projetado de R$ 998 milhões para 2024, mesmo com desafios no faturamento e perdas cambiais. Além disso, a empresa deve anunciar em breve uma nova política de dividendos que pode distribuir até 100% dos lucros.
Operadoras de Shoppings e Tecnologia
A Allos, administradora de shoppings, apresentou crescimento das vendas e uma taxa de capitalização média de retorno de 18%, em comparação à média do setor, que é de 7%. Isso a torna um investimento atraente, segundo Luiz.
A Bemobi Mobile Tech (BMOB3) também é citada por Luiz, que destaca um aumento significativo na receita líquida e geração de caixa como indicativos de recuperação após uma desvalorização excessiva.
Projeções para o Setor de Educação e Varejo
O gestor da Hike Capital, Ângelo Belitardo, prevê que o fluxo de caixa da Ânima (ANIM3) pode alcançar R$ 1 bilhão em 2026, o que corresponderia a um retorno de 100% sobre os ativos atualmente avaliados em R$ 1 bilhão. Ele analisa que o aumento da margem Ebit da empresa vai impulsionar uma valorização expressiva das ações.
No setor farmacêutico, Belitardo considera Pague Menos (PGMN3) e Panvel (PNVL3) como opções mais vantajosas em comparação com Raia Drogasil (RADL3) e d1000 (DMVF3), devido à melhoria em suas estruturas de custos e geração de caixa.