O deputado federal Alex Manente (Cidadania-SP) rejeitou o recurso apresentado pelo deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. O recurso contestou a decisão do Conselho de Ética, que votou a favor da cassação do mandato de Braga. Manente, que é relator do caso, enfatizou que a análise deveria se restringir a eventuais vícios de procedimento, descartando a discussão sobre o mérito da decisão previamente avaliada pelo Conselho de Ética.
O caso foi debatido na CCJ na quinta-feira, 24 de outubro, e a votação deve ocorrer na próxima semana, embora exista a possibilidade de pedido de vista, o que pode adiar a decisão.
No recurso, Glauber argumentou que sua atitude, que resultou em agressão a um membro do Movimento Brasil Livre (MBL), foi uma reação “proporcional” a ataques pessoais, inclusive uma ofensa direcionada à sua mãe doente. Ele também alegou perseguição por parte do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Manente refutou essa justificativa, destacando que a CCJ não se destina a rever a valoração das provas ou a motivação da penalidade imposta pelo Conselho de Ética. Em sua análise, foi claro ao afirmar que a proposta do parlamentar busca reabrir discussões fora do escopo da competência recursal desta comissão.
O processo contra Glauber teve início no Conselho de Ética em 2024, após um incidente em que ele expulsou o influenciador Gabriel Costenaro da Câmara de forma violenta.
Após a decisão do Conselho de Ética, Glauber iniciou uma greve de fome e passou a dormir no plenário 5 da Câmara, onde ocorreu a votação pela sua cassação. Ele interrompeu a greve após nove dias, em 17 de outubro, após um acordo com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que garantiu que a votação ocorrerá apenas no segundo semestre deste ano.
A votação na CCJ representa o penúltimo passo antes da possível perda do cargo por Glauber, que ainda terá a etapa final na votação em plenário, onde todos os deputados poderão se manifestar.
Além disso, há uma outra questão pendente no Conselho de Ética. O mandato de Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), que foi preso preventivamente em março de 2024 por suspeita de ser o mandante do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco, foi cassado em agosto do mesmo ano, mas ele ainda aguarda julgamento enquanto mantém seu mandato, mesmo preso.
Recentemente, em 23 de outubro, Glauber foi tema de discussões entre os líderes da oposição. O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), consultou o senador Ciro Nogueira (PP-PI) sobre a possibilidade da cassação do deputado. Nogueira, um dos principais aliados de Motta, confirmou a preocupação com um aceno de cabeça.
Quando questionado pela imprensa se acreditava na cassação de Glauber, Ciro respondeu de forma direta: “Se depender de mim, sim”.