Não se trata de novo normal, transformação digital, plataformas colaborativas e videoconferências, mas sim de colocar, de fato, o ser humano no centro de tudo.
Por anos mudamos o nome de Recursos Humanos para Gestão de Pessoas, Capital Humano, Gente e Gestão, mas nenhuma dessas nomenclaturas consegue expressar o verdadeiro papel da área de Recursos Humanos para os tempos que estamos vivendo.
Somos humanos que aprendemos a nos comportar como androides em busca do melhor resultado, no menor tempo possível, com desenvolvimento de softwares, inteligências artificiais, modelos de gestão e novas formas de liderança.
Porém nada disso foi capaz de impedir um vírus que parou o planeta, as produções, o desempenho e tudo que envolve a atmosfera de gestão.
Fomos convidados a despertar de um sono profundo de décadas em busca da eficiência, metas, objetivos e métodos cada vez mais racionalizados e voltados para o ganho de escala.
Fomos deparados com um vírus invisível, intangível e pode se dizer, imensurável, em termos de estragos. Quanto paradigma de gestão quebrado!
Até onde vai? Quando é o pico? Quando reabrimos? De que forma devemos nos comportam na reabertura? Ninguém se arrisca a dizer.
Falamos de recursos humanos sem considerar as causas humanas na gestão; olhamos apenas para as causas corporativas e empresariais tratando todo o entorno como secundário. Até onde isso vai?
A natureza se encarregou de nos parar, de fazer repensarmos o que de fato significa recursos humanos.
Não se trata de mudar o nome e permanecer preocupado em estar nas 100 melhores empresas para trabalhar, mas sim, ser uma das 100 melhores empresas para trabalhar.
Não tem mais espaço para o “parecer” substituir o “ser”. Não se trata de investir em ferramentas digitais, mas sim, de ser digital. Não se trata de ter gestores envolvidos em processos de coaching, mas sim, de ter líderes coaching; não se trata de ter equipes multidisciplinares, mas ser uma equipe multidisciplinar.
As empresas irão precisar escolher em que nível de prioridade os seres humanos estarão em suas metas e objetivos.
Gestores que não são bons líderes, mas geram resultados… Já ouviu isso? Ou gestores que são desrespeitosos, mas não muito bons tecnicamente; ou ainda gestores que têm dificuldade com pessoas, ou melhor, seres humanos, mas são muito eficientes.
Como isso é possível? A palavra “ser humana” tem um impacto maior que pessoas. Pessoas ameniza o drama.
Quando falamos assim “O Jorge tem dificuldade com pessoas” é mais tranquilo do que “O Jorge tem dificuldade com seres humanos”. Não Acha?
Um novo momento para o RH
O RH vai precisar se posicionar agora ou vai perder completamente a credibilidade dentro das organizações.
Imagina esses gestores que citei na pandemia, sem ter suas equipes ao alcance de seus olhos e controles, como eles devem estar lidando com isso?
Como as equipes estão conseguindo gerenciar suas rotinas com os filhos que estão em casa também e conseguindo performar e entregar, ainda em plataformas analógicas, como planilhas, e-mails e controles alternativos?
Rever as prioridades é o primeiro passo para RH se reinventar e ajudar as lideranças a reinventarem suas gestões e entregas.
O plano precisa se ajustado como um boeing que depois de decolar e na metade da viagem perde uma de suas turbinas e não tem como voltar, pois, seria mais distante do que seguir até o ponto final para pousar.
O combustível desse boeing são os seres humanos, e o comandante passa a ter um copiloto fundamental para o sucesso do pouso que é o RH. Por isso ele poderá não ser mais o mesmo, pois a responsabilidade aumentou muito.
É preciso garantir que teremos combustível suficiente para chegar até o destino final e fazer com que o piloto confie nos direcionamentos necessários para terminar essa viagem do voo de número 2020.
Sem combustível não é possível, e sem copiloto também não. O piloto precisa 100% desses dois elementos despertos do sono da paranoia empresarial e voltados para o engajamento em um propósito que vai além das regras e procedimentos.
Agora é a hora da vida dentro do mundo corporativo e da verdadeira reinvenção humanística dentro das empresas e somente uma área pode liderar esse processo e essa área é a de RH, caso contrário não ter mais razão de existir.