Paris está liderando uma transformação urbana com o conceito da “cidade de 15 minutos”, garantindo que moradores possam acessar trabalho, escolas, hospitais e lazer em um curto raio de deslocamento a pé ou de bicicleta. A iniciativa, liderada pela prefeita Anne Hidalgo e inspirada pelo urbanista Carlos Moreno, vem redefinindo a capital francesa desde 2020. Este artigo detalha os principais aspectos desse modelo inovador, com dados e declarações verificadas até março de 2025.
1. O Conceito que Está Mudando Paris
A “cidade de 15 minutos” surgiu como uma solução para tornar os centros urbanos mais sustentáveis e habitáveis. Idealizado por Moreno em 2016, o modelo prioriza a proximidade e a qualidade de vida, reduzindo a dependência de carros e deslocamentos longos.
Em Paris, o plano foi oficializado no programa “Paris en Commun” após a reeleição de Hidalgo. Segundo o Instituto de Planejamento Urbano de Paris (APUR), até 2023, 66% dos moradores já estavam a poucos minutos de serviços básicos, um aumento de 12% em relação a 2019.
2. Mobilidade urbana: Menos Carros, Mais Bicicletas
A redução do tráfego de veículos é central no projeto. Desde 2016, Paris transformou 50 quilômetros de ruas em zonas exclusivas para pedestres e ciclistas. Um exemplo marcante foi a margem direita do rio Sena, antes uma rodovia movimentada, agora convertida em um espaço público verde (The Guardian, 15 de janeiro de 2023).
Além disso, a cidade expandiu sua rede cicloviária para 1.300 km até 2024, um crescimento de 60% em uma década, segundo Vélo & Territoires. Essa transformação levou Hidalgo a afirmar, em entrevista à France24 (18 de fevereiro de 2025):
“Paris será a capital mundial da bicicleta, conectando todos os bairros.”
3. Sustentabilidade e Qualidade do Ar
A iniciativa também visa reduzir a poluição. Dados da Airparif mostram que a qualidade do ar melhorou significativamente, com uma redução de 25% na poluição atmosférica entre 2015 e 2023, impulsionada pela queda no número de veículos.
Além disso, a prefeitura planeja adicionar 170 hectares de áreas verdes até 2026, incluindo praças e telhados vegetados, reforçando a resiliência climática da cidade e contribuindo para sua meta de neutralidade de carbono até 2050.
4. Participação dos Moradores no Planejamento
Desde 2021, a gestão de Hidalgo descentralizou decisões, investindo € 75 milhões por ano em um orçamento participativo (WRI, 25 de janeiro de 2023). Cidadãos decidem sobre projetos locais, como hortas comunitárias e espaços culturais.
Em entrevista ao Le Monde (10 de dezembro de 2024), Moreno destacou:
“A cidade de 15 minutos é um contrato social, não apenas um plano de ruas.”
O envolvimento popular tem sido expressivo: em 2024, mais de 100 mil parisienses participaram de consultas públicas, um recorde segundo a plataforma CitizenLab.
5. Obstáculos no Caminho
Apesar dos avanços, desafios persistem. O preço dos imóveis em bairros bem servidos subiu 18% desde 2020, segundo o INSEE, o que tem impulsionado a gentrificação e dificultado a permanência de moradores de baixa renda.
Além disso, regiões periféricas como Seine-Saint-Denis ainda têm apenas 45% de cobertura no acesso a serviços essenciais, conforme estudo da ScienceDirect (21 de outubro de 2024). Reduzir essa desigualdade continua sendo um desafio para a prefeitura.
6. Paris como Inspiração Mundial
O sucesso parcial do modelo já influenciou cidades como Milão e Bogotá. Em 2023, a rede C40 Cities destacou Paris como referência global em planejamento urbano sustentável.
Com um investimento previsto de € 1,5 bilhão até 2025, detalhado no Budget Citoyen 2025, a cidade busca alcançar 80% de cobertura do conceito, consolidando-se como um dos maiores exemplos de transformação urbana sustentável no mundo.
Paris segue firme na implementação da “cidade de 15 minutos”. Apesar dos desafios, a iniciativa tem redefinido o planejamento urbano global, mostrando que a mobilidade sustentável e a descentralização dos serviços podem transformar a vida nas grandes metrópoles.