A Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA) divulgou recentemente seu levantamento sobre as commodities agrícolas com dados de abril de 2025, evidenciando o papel estratégico do Brasil na cadeia alimentar global, apesar de desafios como volatilidade nos preços e questões logísticas.
Destaques por Produto
Café: A safra de café conilon deve atingir 18,7 milhões de sacas de 60 kg, representando um aumento de 27,9% em relação ao ciclo anterior. Esse crescimento é atribuído à expansão da área plantada, investimentos em Tecnologia e condições climáticas favoráveis.
No entanto, os preços permanecem elevados devido à baixa nos estoques globais e à forte demanda internacional.
Soja: Com uma produção de 168,3 milhões de toneladas, a soja continua sendo a principal cultura do país, com crescimento de 14% frente ao ciclo anterior. A demanda da China permanece como principal motor do desempenho, respondendo por mais de 70% das exportações brasileiras desde 2011. No mercado de derivados, o óleo de soja atingiu recordes históricos de preço, sustentado pela alta demanda mundial e pela oferta global limitada.
Açúcar: Em abril, o açúcar teve alta de 1,9% no Brasil, mas queda acumulada de 3,3% em 12 meses. A produção de cana-de-açúcar deve alcançar 45,9 milhões de toneladas, reforçando o abastecimento no Nordeste. A escassez de oferta global e a demanda constante tendem a manter os preços sustentados.
Arroz: Os preços caíram 7,1% no Brasil e 25,1% no acumulado anual. A produção nacional deve crescer 14,8%, alcançando 12,14 milhões de toneladas, em linha com o aumento global da oferta. A tendência é de recuo nos preços ao longo do ano.
Cacau: O cacau subiu 11,1% no Brasil em abril e 5,5% no ano. Globalmente, após três anos de déficit, a ICCO projeta superávit, o que tende a reduzir a volatilidade dos preços. Uma oferta mais estável traz previsibilidade, essencial para planejamento e contratos de longo prazo.
Leite: O leite registrou alta de 5,4% em abril e 19,9% em 12 meses. A produção nacional deve crescer até 2,5% em 2025. No entanto, estoques elevados e menor demanda podem pressionar os preços nos próximos meses.
Milho: Houve queda de 6,1% em abril no Brasil, mas alta de 40,3% no acumulado anual. A produção prevista é de 126,9 milhões de toneladas. A safrinha garante o abastecimento interno, sobretudo para proteínas animais.
Trigo: No Paraná, o trigo subiu 2,9% em abril e 23,5% no acumulado de 12 meses. Apesar do crescimento de 4,6% na produção nacional, o Brasil continua dependente das importações, o que mantém os preços internos pressionados.
Impactos Econômicos e Estratégias para o Setor
A valorização das commodities tem impacto direto sobre os custos da indústria de alimentos, que enfrentam desafios adicionais como aumento nos preços de embalagens e energia. Atualmente, matérias-primas e embalagens representam, em média, mais de 60% do custo de produção industrial.
Apesar dos desafios, a indústria brasileira de alimentos demonstrou resiliência, alcançando um faturamento de R$ 1,277 trilhão em 2024, representando 10,8% do PIB do país.
Esse desempenho é atribuído a investimentos em inovação e eficiência operacional, que permitiram mitigar parte dos impactos dos custos elevados.
Para manter a competitividade e garantir a segurança alimentar, especialistas sugerem a implementação de políticas que incentivem a produtividade, como modernização da infraestrutura, transição energética e qualificação da mão de obra.
Além disso, é fundamental avançar em segurança jurídica e incentivar a inovação no setor.
O cenário atual exige que a indústria brasileira de alimentos continue a investir em tecnologia, sustentabilidade e diálogo com os elos da cadeia produtiva para manter sua competitividade e relevância no cenário internacional.