O mercado de Fusões e Aquisições (M&A) no Brasil está otimista para 2025, após um crescimento de 5% no número de transações em relação a 2023, totalizando 1.582 operações, conforme dados da KPMG.
Um dos principais destaques desse cenário é o fortalecimento do Middle Market, que tem atraído cada vez mais a atenção de investidores, especialmente no ano de 2024.
Crescimento no Middle Market Brasileiro
A Value Capital, boutique de assessoria financeira especializada em M&A, foi uma das empresas que registraram um crescimento expressivo de 100% em 2024, comparado com o ano anterior, ao focar no segmento de Middle Market.
Entre as transações de destaque estão a fusão do laboratório farmacêutico Natulab, localizado na Bahia, com o fundo Patria Investimentos, e a aquisição de uma marca do setor pet do Rio Grande do Sul pela Premier Pet, maior empresa do segmento no Brasil.
De acordo com o relatório da Fusões & Aquisições, as operações de médio porte cresceram 10,1% em 2024, impulsionando o setor. Daniel Lasse, CEO da Value Capital e da Lasse’s Consultoria, analisa que cerca de 65% das transações realizadas no país em 2024 envolvem valores abaixo de R$50 milhões, com empresas familiares que faturam entre R$100 milhões e R$400 milhões.
Isso destaca o Middle Market como um dos segmentos mais dinâmicos da economia, atraindo investidores que buscam alto potencial com riscos menores em comparação com startups.
O Papel do Middle Market na Economia Brasileira
O CEO da Value Capital, Daniel Lasse, explica que o Middle Market se tornou um dos principais motores da economia brasileira, sendo responsável pela geração de empregos e inovação. Ele observa um amadurecimento no ecossistema, com empresas bem estruturadas que se tornam alvos atraentes para investidores.
“O Middle Market serve como um elo entre as pequenas e grandes corporações, oferecendo oportunidades de crescimento acelerado e integração vertical”, afirma Lasse.
Os setores que mais atraem investidores incluem Tecnologia da informação, fintechs, energia renovável, saúde, telecomunicações, agronegócio e outros segmentos que apresentam um EBITDA superior a R$30 milhões.
A verticalização, um movimento de integração entre empresas complementares, tem se tornado uma tendência crescente no país, impulsionando fusões e aquisições. Lasse destaca que a estratégia de fusão deve ser cuidadosamente planejada para garantir sinergias reais e um retorno sustentável no longo prazo.
Fatores que Impulsionam o Crescimento do Middle Market
O que torna o Middle Market atraente para os investidores? De acordo com Lasse, fatores como governança sólida, escalabilidade, boas margens de lucro e uma relação positiva com o mercado são fundamentais.
No entanto, ele ressalta que empresas com grande potencial, mas que ainda não estão totalmente estruturadas, podem encontrar novas oportunidades de crescimento com a ajuda de um direcionamento estratégico.
“Já tivemos casos em que um investimento minoritário ajudou a estruturar a gestão e o planejamento estratégico de uma empresa, o que resultou em melhorias operacionais e expansão dos negócios”, exemplifica Lasse. Essas melhorias, segundo ele, aumentaram a competitividade da empresa e possibilitaram a atração de novos investimentos no futuro.
Impacto da Dinâmica Macroeconômica
A dinâmica macroeconômica também tem sido decisiva para o crescimento do Middle Market. Nos últimos anos, a redução das taxas de juros e o maior acesso ao mercado de capitais contribuíram para o aquecimento das transações.
Contudo, com as altas recentes das taxas de juros, as empresas precisam de uma organização mais robusta e estratégias mais claras para atrair investidores.
Lasse observa que fundos de investimento, que tradicionalmente focavam em grandes corporações, agora estão direcionando mais atenção para o Middle Market. “Esses fundos veem o Middle Market como um espaço com menos concorrência e múltiplos de entrada mais atrativos”, afirma. Essa mudança de perspectiva tem levado muitas empresas a buscar fusões antes de receber investimentos externos, criando sinergias ou viabilizando aquisições para fortalecer suas operações.
A Revolução Silenciosa do Middle Market
Daniel Lasse descreve o atual momento do Middle Market brasileiro como uma “revolução silenciosa”, mas altamente lucrativa. Empresas que antes passavam despercebidas agora se destacam, com a governança, a consolidação e uma visão estratégica sendo os pilares do crescimento. “Para investidores, é o momento ideal de entrar nesse mercado; para empresários, é a hora de estruturar seus negócios e aproveitar as oportunidades que surgem”, conclui.
O Middle Market brasileiro continua a se consolidar como um dos principais segmentos de crescimento econômico, e a tendência é que, com o amadurecimento do setor, mais oportunidades de fusões e aquisições surjam, beneficiando empresas de médio porte e atraindo investidores para um mercado em constante evolução.