O dólar à vista encerrou o pregão de ontem cotado a R$ 5,6307, refletindo o aumento da entrada de capital estrangeiro e a crescente cautela com o cenário fiscal brasileiro. O avanço na cotação ocorreu em meio a incertezas sobre os precatórios e expectativas de política monetária.
De acordo com o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, o adiamento do pagamento dos precatórios, estimados em R$ 70 bilhões, para julho, tem como objetivo ajudar no controle da inflação. A medida, no entanto, reacendeu preocupações sobre a condução fiscal do governo.
No campo monetário, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, indicou a possibilidade de continuidade do ciclo de alta da taxa Selic, atualmente em 14,25% ao ano. Um novo ajuste está previsto para o mês de maio, segundo sinalizações recentes.
Expectativas externas influenciam mercado
Nos Estados Unidos, o relatório JOLTS apontou uma redução no número de vagas abertas no mercado de trabalho, enquanto a confiança do consumidor também apresentou recuo. Esses dados reforçam a percepção de desaceleração econômica no país.
Em meio à guerra comercial em curso, o ex-presidente Donald Trump anunciou medidas de alívio tarifário para o setor automotivo, incluindo créditos de até 15% para veículos montados internamente. A iniciativa pode impactar o comércio bilateral e a competitividade de exportações.
Fatores de curto prazo devem influenciar o câmbio
Hoje, o mercado aguarda a divulgação da Ptax de abril — taxa de câmbio usada como referência para diversos contratos — marcada para as 13h30. A formação da Ptax costuma gerar volatilidade no câmbio, especialmente em períodos de forte oscilação.
Também estão no radar a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre dos Estados Unidos, prevista para hoje, e o relatório de emprego (Payroll), programado para sexta-feira. Ambos são considerados indicadores-chave para avaliar a saúde da economia norte-americana.
Decisões de juros podem afetar o real
Na próxima semana, as atenções se voltam para as decisões de política monetária do Comitê de Política Monetária (Copom) no Brasil e do Federal Reserve (Fed) nos EUA.
Um cenário favorável para o real incluiria uma elevação da taxa Selic, combinada com estabilidade ou redução dos juros norte-americanos — o que poderia atrair capital estrangeiro e aliviar a pressão sobre o câmbio.