As taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs) registraram uma queda acentuada na quarta-feira, especialmente nos contratos com vencimento a partir de janeiro de 2027. Essa movimentação se deve a declarações consideradas "suaves" do diretor de Política Monetária do Banco Central, Nilton David, sobre a atual política monetária do Brasil.
Além disso, a diminuição dos rendimentos dos Treasuries nos Estados Unidos influenciou negativamente as taxas futuras, que continuaram em baixa mesmo após uma leve recuperação dos yields no meio da manhã. O desempenho do mercado financeiro foi majoritariamente positivo, com alta do Ibovespa e valorização do real, acompanhadas pela redução dos prêmios na curva de juros.
No encerramento da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2026, que é um dos contratos mais líquidos, estava em 14,67%, inferior ao ajuste anterior de 14,725%. Para janeiro de 2027, a taxa caiu para 13,99%, uma redução de 20 pontos-base em relação ao ajuste de 14,192% do dia anterior. Nos contratos de maior prazo, a taxa para janeiro de 2031 foi de 14,18%, apresentando queda de 17 pontos-base em relação a 14,352%, enquanto o contrato para janeiro de 2033 fechou a 14,31%, abaixo de 14,451%.
Os contratos de DI enfrentaram perdas já no início da sessão, resultado da redução nos rendimentos dos Treasuries e dos comentários de David em um seminário da JP Morgan em Washington. Durante sua fala, ele destacou que a desaceleração da atividade econômica brasileira é um indicativo de que a política monetária adotada está em funcionamento, embora enfatizasse as preocupações em relação à inflação, que não deve registrar queda nos próximos meses.
David afirmou: “A atividade econômica atingindo um platô ou desacelerando é um sinal de que a política monetária está funcionando. No entanto, não devemos esperar que a inflação caia nas próximas semanas ou meses.” Ele também mencionou um consenso entre os membros do BC de que a taxa Selic, atualmente em 14,25% ao ano, é contracionista.
As declarações de David foram interpretadas como relativamente brandas pelo mercado, divergindo das mensagens mais rígidas transmitidas pelo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, na véspera. Em resposta, as taxas de DIs alcançaram mínimas durante a manhã, com a taxa para janeiro de 2027 chegando a 13,93%.
O ambiente no Brasil experimentou um impacto menos intenso à medida que os rendimentos dos Treasuries com prazos mais longos se estabilizaram, parcialmente revertendo suas perdas após a divulgação de indicadores econômicos dos EUA. O Índice dos Gerentes de Compras (PMI) Composto caiu para 51,2, o menor patamar desde dezembro de 2023, após um nível de 53,5 em março. Importante observar que uma leitura acima de 50 indica expansão no setor privado. O PMI preliminar para o setor industrial aumentou para 50,7, enquanto o setor de serviços recuou para 51,4.
Com os yields dos Treasuries americanos se ajustando, as taxas dos DIs, embora tenham se afastado das mínimas, encerraram o dia com quedas significativas, superiores a 20 pontos-base em alguns contratos. O mercado atualmente projeta a possibilidade de um aumento de 50 pontos-base na Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em maio.
Conforme as últimas atualizações, a B3 indicava uma probabilidade de 78% para uma alta da Selic em 50 pontos-base na reunião de maio, em comparação a 76,5% na semana anterior. As expectativas para a reunião de junho colocavam 54,5% de chances de manutenção da Selic, 26,5% de aumento de 25 pontos-base e 14,5% de elevação de 50 pontos-base. No cenário atual, se mantém a expectativa de que o ciclo de aumento da Selic pode se encerrar já em maio.
Externamente, a curva de rendimento dos Treasuries dos Estados Unidos exibia uma desinclinação no fim da tarde. Por volta das 16h41, o rendimento do Treasury de dois anos subia 7 pontos-base, alcançando 3,854%, enquanto os títulos de dez anos apresentavam uma leve queda de 1 ponto-base, situando-se em 4,381%.