O CEO do Grupo Casas Bahia, Renato Franklin, enfrenta um cenário econômico incerto ao liderar a reestruturação da companhia. Em entrevista ao InfoMoney, ele expressou a expectativa de um mercado estagnado em 2025, mesmo diante de incentivos. Franklin enfatizou que sua gestão evita depender de fatores macroeconômicos que não podem ser controlados.
Desde que assumiu a posição, em 2021, ele tem adotado uma abordagem rigorosa. “Foi acertada nossa decisão de fazer movimentos mais duros, para não ter que contar com a melhora do macro – que acabou se confirmando até pior”, afirmou, referindo-se à expectativa anterior de queda nas taxas de juros, que não se concretizou.
Além dos desafios internos, a política de tarifas de importação dos Estados Unidos já impacta os preços em setores da indústria brasileira. “Estamos fazendo preços melhores para o Dia das Mães do que na Black Friday devido a investimentos da indústria”, destacou Franklin, ressaltando que o Brasil é visto como um mercado atraente por novos fornecedores.

Durante a entrevista, Franklin também comentou sobre a volatilidade das ações da empresa, causada por movimentações de acionistas como Rafael Ferri e Michael Klein. Ele afirmou que a administração da empresa não se envolve nessas flutuações e que não há discussões sobre mudanças na estratégia até o momento. “Todos acreditam que o maior crescimento está na loja física e no crediário, e que precisamos ajustar nossa estrutura de capital”, disse.
Franklin abordou a influência do cenário macroeconômico nos negócios: “Ninguém consegue prever exatamente como será. É um contexto global cheio de variáveis. Nossa decisão de tomar medidas rigorosas foi acertada”. Ele destacou que, embora o mercado possa enfrentar dificuldades, a expectativa de injeções de liquidez, como a isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil, pode beneficiar os consumidores.
O CEO também comentou sobre a guerra tarifária e seus efeitos. “O Brasil tende a sair fortalecido, especialmente com a maior exportação agropecuária para a China, aumentando nosso crescimento nas regiões Centro-Oeste e Norte”, afirmou. Destacou que, para o Dia das Mães, os preços praticados são competitivos devido a negociações eficazes com a indústria. “Estamos conseguindo preços abaixo do esperado”, observou.
A digitalização tem sido outro foco central, com vendas online representando atualmente 40% da receita da empresa. A tradição da marca, que mantém uma forte presença no mercado, permite à Casas Bahia se adaptar às novas demandas. “Lançamos o ‘carnezinho’ digital, permitindo que clientes em áreas sem lojas possam utilizar nossos serviços”, explicou Franklin, destacando o potencial de alcançar mais clientes.
Sobre a situação das ações, Franklin disse que a gestão é passiva em relação ao mercado. “Temos muitos investidores individuais na nossa base acionária, o que traz uma dinâmica única e, em março, as ações movimentaram significativamente”, relatou. Ele ressaltou que enquanto alguns investidores tomam decisões de compra e venda, a prioridade da administração é focar nos resultados operacionais. A discussão sobre a inclusão de cláusulas de proteção acionária, como a poison pill, foi considerada, mas não avançou, com a administração acreditando que não é o momento para tais medidas.
A transparência e a comunicação com os acionistas continuam sendo pilares da gestão, conforme Franklin. A posição da administração é que o foco deve ser em obter lucros para garantir o crescimento futuro, mantendo a estrutura da companhia alinhada às necessidades do mercado.