O mercado de crédito consignado privado no Brasil está passando por uma grande revolução com a recente divulgação da Medida Provisória (MP) que amplia o acesso a essa modalidade de empréstimo para mais de 47 milhões de trabalhadores celetistas.
Para que essa nova dinâmica seja implementada com segurança e eficiência, as soluções tecnológicas desempenharão um papel fundamental na otimização do processo de concessão de crédito e na redução de riscos para as instituições financeiras e consumidores.
Com a previsão de movimentar até R$ 700 bilhões até 2030, o novo sistema exige uma infraestrutura robusta e inovadora para avaliar o perfil dos solicitantes de forma ágil e precisa. A análise de dados alternativos, como histórico profissional, registros em bases como Carteira de Trabalho Digital, LinkedIn e Open Finance, será essencial para a definição das condições de crédito, permitindo taxas mais justas e acessíveis.
A liberação do crédito consignado privado para trabalhadores de micro e pequenas empresas, MEIs e empregados domésticos amplia significativamente o escopo desse mercado, trazendo desafios operacionais que só podem ser superados com Tecnologia avançada. Algoritmos de machine learning permitirão uma análise preditiva mais sofisticada, reduzindo o risco de inadimplência e aprimorando a experiência do cliente ao acelerar a aprovação de créditos.
“Os bancos e fintechs que conseguirem interpretar e utilizar esses dados com agilidade sairão na frente na disputa por esse novo mercado. A chave será a capacidade de responder rapidamente às necessidades dos clientes e oferecer taxas competitivas em um ambiente mais dinâmico”, destaca Fábio Torelli, CEO da OneBlinc, techfin especializada na concessão de crédito com base em dados alternativos.
Com a inclusão de até 10% do FGTS e 100% da multa rescisória como garantias para o crédito consignado privado, novas ferramentas de monitoramento serão necessárias para garantir a segurança das operações. Plataformas de análise de risco precisarão acompanhar indicadores como turnover dos trabalhadores e saúde financeira dos empregadores para evitar exposições excessivas por parte das instituições financeiras.
A OneBlinc, por exemplo, possui mais de 10 anos de experiência nos Estados Unidos e no México com soluções de cálculo de risco baseadas em turnover, que endereça muitos dos riscos do mercado de consignado privado.
“Nosso modelo considera fatores como tempo no emprego, frequência de mudanças de trabalho e perspectivas de crescimento profissional para otimizar a oferta de crédito, proporcionando condições mais seguras tanto para credores quanto para consumidores”, explica Torelli.
Outro desafio será avaliar a solidez financeira do empregador. “Para os empregados de grandes companhias, todo banco quer estar no jogo. Mas e os 15 milhões de trabalhadores das empresas que têm entre 100 e 1.000 funcionários? Ganharão acesso a condições mais justas a uma modalidade de crédito da qual eram excluídos”, comenta. Segundo Torelli, o uso de dados não-estruturados para avaliar o risco da contraparte será essencial.
Uma inovação significativa trazida pela nova regulamentação é o modelo de leilão de taxas operado pela Dataprev. Esse sistema permitirá que as instituições financeiras disputem a concessão de crédito com base nas melhores condições oferecidas, promovendo maior transparência e competitividade.
A concorrência entre bancos e fintechs promete reduzir as taxas cobradas, beneficiando milhões de trabalhadores que anteriormente não tinham acesso a essa modalidade de crédito. “Com um ecossistema mais dinâmico e igualitário, teremos um salto na inclusão financeira no Brasil”, reforça Torelli.
O avanço da tecnologia no setor financeiro será decisivo para o sucesso da nova regulamentação do crédito consignado privado. A combinação de inteligência de dados, segurança digital e modelos avançados de análise de risco permitirá um ambiente mais transparente, acessível e eficiente para trabalhadores e instituições financeiras. O mercado está pronto para uma nova era do crédito consignado privado, e as inovações tecnológicas serão a chave para essa transformação.
“A nova regulamentação do consignado privado no Brasil representa um avanço significativo para o mercado de crédito. Se implementada corretamente, essa medida tem potencial para impulsionar a economia, aumentar a inclusão financeira e proporcionar condições mais justas para os trabalhadores do setor privado”, destaca o CEO da OneBlinc.
“O próximo grande desafio será garantir que todo o ecossistema esteja preparado para essa mudança e que os consumidores possam, de fato, se beneficiar das melhorias esperadas”, concluiu.