A pandemia, e agora mais recentemente, o esboço de um conflito político entre os Poderes no Brasil, são fatores que têm intensificado a atratividade negativa de investimentos estrangeiros no país.
Com base no levantamento divulgado pela consultoria A.T.Kearney, na última semana, o Brasil permanece fora da lista global dos 20 países mais confiáveis para se investir.
Para ganhar fôlego, o país tenta a retomada de posições de atratividade ao investimento estrangeiro, mas segue distante de alcançar essa posição.
Por repetidas vezes a exposição da articulação política entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário no Brasil tem se intensificado, e nesse sentido a expectativa é que a confiabilidade do Brasil para atração de capital estrangeiro deve piorar.
Enquanto não houver uma clara divisão dos poderes em que o executivo executa, o legislativo legisla, e o judiciário julga, nós não conseguiremos transmitir uma imagem de segurança institucional para o investidor estrangeiro.
Precisamos ter uma pauta de crescimento bem definida imediatamente.
Com a Harmonização dos Poderes no Brasil podemos reativar a confiabilidade dos investidores externos.
O Brasil investe internamente aproximadamente 15% do seu PIB e precisa passar a investir 25% para realmente passar a ser considerado um país com crescimento econômico sustentável nos próximos anos e os investimentos estrangeiros podem ajudar.
O Brasil pode assumir o papel de líder das Américas no pós-pandemia. É necessário que a ideologia seja afastada de decisões relevantes nos três poderes da república brasileira.
O diálogo é fundamental para que o mundo veja a capacidade e inteligência do Brasil em gerir seus próprios processos. Ademais, é preciso tirar o peso das empresas estatais que foram criadas ao longo dos últimos anos para gerar cabides de emprego em detrimento do crescimento. Também aplicar uma pauta de reformas substanciais e investir no que se precisa.
Este é o momento mais que oportuno para a retomada econômica pós-pandemia do Brasil frente a outros países.
O Brasil tem acesso ao maior mercado do mundo, que importa mais de 3 trilhões de dólares por ano, que é o Estados Unidos.
Com isso, tem uma posição privilegiada para exportar os seus produtos para lá. Dando espaço não apenas para a indústria nacional passar a se desenvolver nesse mercado, como também para as empresas que estão saindo da China encontrarem no Brasil uma nova localização para seus negócios.
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Do ponto de vista rural o pós-pandemia vai encontrar o mundo com necessidades de produtos agrícolas que não poderão ser atendidas pelos EUA, no seu todo, por conta de uma limitação na produção.
Aparentemente o Brasil foi menos atingido na produção rural. O Brasil tem capacidade industrial e instalações e pode atrair indústrias que estão saindo da China se o governo brasileiro passar a agir imediatamente com foco mais estratégico no comércio exterior.
O Governo brasileiro precisa agir agora, e ir em busca de uma atividade externa coerente, proativa, extremamente dinâmica que resultará na atração não apenas de capital, mas de tecnologia estrangeiros. É urgente reforçar o Brasil dentro do mercado exterior, seja provendo alimentos agrícolas, ou produtos industrializados.
Medidas estratégicas precisam ser adotadas
O Brasil tem que adotar novas estratégias comerciais globais emergentes e assumir definitivamente a liderança, inicialmente pelo menos na América Latina.
O país precisa passar por uma série de reformas internas, desburocratizar alguns sistemas e meios de crescimento, e deixar o dinheiro interno para ser investido realmente no progresso. Sobretudo, deve haver diálogo e maturidade dos chefes dos Poderes no Brasil para mostrar ao mundo a capacidade de coordenação e organização.
Enquanto a confiança de investidores no Brasil cai, os Estados Unidos seguem, segundo o ranking de confiabilidade para investimentos na primeira posição pelo sétimo ano consecutivo.
Dados da Organização ‘Trading Economics’ e do ‘U.S Bureau of Economic Analysis’ mostram que o investimento direto estrangeiro nos Estados Unidos aumentou em 50.582 milhões de dólares no terceiro trimestre de 2019.
Dados do Mapa Bilateral de Investimentos Brasil / USA 2019, desenvolvido pela Apex-Brasil em parceria com o Brazil-U.S Business Council e a Amcham Brasil mostram que o estoque de IED (Investimento Estrangeiro Direto) brasileiro nos Estados Unidos cresceu 356% entre 2008, quando era de US$ 9,3 bilhões para US$ 42,8 bilhões em 2017. Segundo o mapa, os Estados Unidos foram a segunda maior origem das importações brasileiras, totalizando US$ 25,1 bilhões em 2017.
O Brasil vive um cenário de dificuldade recorrente entre os países emergentes e precisa buscar uma solução imediata para a questão. Além de não estar na lista de países seguros para investir, aumentou o número de brasileiros que estão investindo nos Estados Unidos.
Assim como Turquia e África do Sul, por exemplo, a economia brasileira não está transmitindo segurança para o investimento externo. Então, os investimentos costumam ser pontuais e de curto prazo. Isso resulta em um capital especulativo e com alta variação e instabilidade. Essa situação precisa ser resolvida o quanto antes, pois além de não estar atraindo investidores estrangeiros, aumentou o número de brasileiros que busca investir nos EUA. Ou seja, menos dinheiro entrando e mais saindo.
*Carlo Barbieri é analista político e economista. Com mais de 30 anos de experiência nos Estados Unidos, é Presidente do Grupo Oxford, a maior empresa de consultoria brasileira nos EUA. Consultor, jornalista, analista político, palestrante e educador. Formado em Economia e Direito com mais de 60 cursos de especialização no Brasil e no exterior. Mais informações: oxfordusapontocom