O mercado de criptomoedas encerrou novembro em meio a um ambiente externo adverso. A redução de liquidez nos Estados Unidos, a volatilidade decorrente da liquidação em massa registrada no início de outubro e preocupações globais — que envolveram debates sobre uma possível bolha de inteligência artificial e incertezas em relação à trajetória dos juros — dificultaram a sustentação dos preços no período.
Perspectivas mais favoráveis para dezembro
Para o mês de dezembro, especialistas projetam um cenário ligeiramente mais favorável ao risco, com parte das pressões recentes perdendo intensidade. Segundo Paulo Camargo, embaixador da OKX e cofundador da Underblock, a reabertura do governo americano e sinais de que o Federal Reserve pode encerrar o ciclo de aperto monetário tendem a aliviar moderadamente as condições de liquidez. Esse movimento, afirma, pode permitir uma recuperação, desde que haja confirmação de retomada da demanda.
Indicadores de demanda voltam ao foco
Camargo destaca que o comportamento dos investidores será determinante para orientar o mercado. Ao longo de novembro, tanto detentores de longo prazo quanto os ETFs de criptomoedas dos Estados Unidos contribuíram para a pressão vendedora. Nesse contexto, indicadores on-chain ganham relevância: sinais de retorno da acumulação por holders e entradas líquidas em ETFs seriam indícios de normalização da demanda e de possível retomada de tração.
Bitcoin continua como referência do mercado
O Bitcoin (BTC) permanece como o principal termômetro do setor. De acordo com Camargo, uma reversão consistente só deve ser confirmada caso o ativo se mantenha acima de US$ 116 mil. Caso contrário, ainda pode prevalecer um viés de baixa, especialmente se o BTC não recuperar de forma sustentada a marca de US$ 100 mil. Em um cenário positivo, ativos com maior sensibilidade ao risco, como Ethereum (ETH) e tokens associados à volatilidade, como Hyperliquid (HYPE), podem apresentar desempenho superior no curto prazo.
Analistas reforçam papel do Bitcoin e destacam altcoins
A avaliação é compartilhada por André Sprone, LATAM Growth Manager da MEXC. Ele afirma que, após o Bitcoin registrar novas máximas em outubro e enfrentar forte correção em novembro — influenciada por saídas dos ETFs spot e aumento da aversão global ao risco — o comportamento do ativo em dezembro será decisivo para identificar se o mercado passa apenas por uma realização típica de ciclo ou se a correção pode se prolongar.
Sprone também destaca altcoins com fundamentos sólidos. O Ethereum (ETH) segue como infraestrutura central para DeFi, NFTs e tokenização, beneficiado por atualizações recentes que ampliaram a escalabilidade. A Solana (SOL) mantém trajetória de alta performance, com forte atividade em DeFi, NFTs e aplicativos voltados ao usuário final. No campo da tokenização de ativos do mundo real, a Chainlink (LINK) ganha relevância como infraestrutura essencial de oráculos, enquanto a Ondo Finance (ONDO) desponta como uma das principais representantes da tese, com foco em Treasuries tokenizados e expansão institucional.
Investidores buscam liquidez e fundamentos
Guilherme Fais, Head de Finanças da NovaDAX, avalia que a volatilidade recente levou investidores a priorizar ativos com liquidez, fundamentos consistentes e participação institucional. Além de BTC e ETH, ele aponta quatro criptomoedas com potencial para o fim do ano: Solana (SOL), pela resiliência de seu ecossistema; Chainlink (LINK), favorecida pela expansão de ativos tokenizados; PAX Gold (PAXG), como alternativa defensiva atrelada ao ouro físico; e ONDO, como destaque dentro da narrativa de tokenização.
Mês pode ser decisivo para retomada de ciclo
Com sinais de estabilização no cenário macroeconômico, maior atenção aos fluxos institucionais e indicadores on-chain em evidência, dezembro se apresenta como um período importante para avaliar se o mercado de criptomoedas retomará de forma consistente um novo ciclo de alta.



















