Dezembro foi um período de consolidação para o Bitcoin. A criptomoeda operou em uma faixa considerada estreita para os padrões do ativo, registrando mínima de US$ 83.822 e máxima de US$ 94.588, o que representa variação mensal de 12,8%.
O movimento refletiu um mercado em “zona de decisão”: houve resistência na região acima de US$ 90 mil, enquanto compradores defenderam suportes em torno de US$ 84 mil.
A capitalização total do mercado de criptomoedas permaneceu próxima de US$ 3 trilhões, sem alterações relevantes. Isso indica que, apesar das oscilações de preço, não houve movimentos significativos de entrada ou saída de capital.
O Indicador de Medo e Ganância encerrou o mês em 30 pontos, apontando um cenário de cautela, mas sem sinais de pânico generalizado.
Influência do cenário macroeconômico
O comportamento do mercado também refletiu o ambiente econômico global.
No início do mês, a elevação inesperada dos juros no Japão levou investidores a buscar ativos mais seguros, pressionando o Bitcoin para a mínima mensal.
Na sequência, o Federal Reserve anunciou corte de 0,25 ponto percentual nas taxas de juros, para a faixa entre 3,50% e 3,75% ao ano. Embora juros mais baixos tendam a favorecer ativos de risco, o tom conservador do Fed limitou uma retomada mais expressiva.
Fluxos de ETFs impactam o mercado
Os ETFs spot de Bitcoin passaram a exercer forte influência sobre os preços.
- Saídas relevantes de capital pressionaram a cotação, com destaque para o dia 15 de dezembro, quando houve resgate líquido de US$ 582 milhões entre ETFs de Bitcoin e Ethereum.
- Já no dia 17, entradas líquidas de US$ 502 milhões contribuíram para recuperação do preço.
Esse movimento coincidiu com uma rotação de investidores no mercado tradicional, que migraram de ações de Tecnologia para papéis de valor, reduzindo a exposição a ativos de risco.
Liquidez reduzida no fim do mês
Com a proximidade do período de festas, a liquidez no mercado diminuiu, o que aumentou a sensibilidade a movimentos pontuais. O Bitcoin voltou a operar próximo de US$ 87 mil em 29 de dezembro, mantendo a faixa de consolidação.
Analistas observam que investidores institucionais têm atuado de forma seletiva, comprando quedas e realizando lucros em repiques. O acompanhamento do fluxo de ETFs tem sido considerado uma ferramenta relevante para compreender esse comportamento.
Altcoins apresentam desempenho misto
Algumas criptomoedas alternativas registraram valorização expressiva ao longo do mês.
- Zcash (ZEC) acumulou alta de 80%
- Monero (XMR) avançou 42%
Já entre os principais ativos do mercado, o movimento foi mais moderado. Ethereum, Solana e XRP apresentaram oscilações, mas sem definição clara de tendência. Não houve uma “altseason” ampla, e o desempenho positivo ficou restrito a poucos projetos.
O que observar em janeiro de 2026
O início de 2026 deve seguir influenciado por três fatores principais:
1. Cenário macroeconômico
Dados de inflação e emprego nos Estados Unidos seguem no centro das atenções e podem influenciar futuras decisões do Federal Reserve.
2. Fluxo de ETFs
Entradas consistentes podem sustentar preços. Saídas, por sua vez, tendem a indicar redução de risco por parte dos investidores.
3. Zonas técnicas de preço
Atualmente, o Bitcoin oscila entre US$ 86.850 e US$ 89.400. Caso ganhe força compradora, as próximas resistências ficam em US$ 94.500 e US$ 101.300. Se houver pressão vendedora, os principais suportes estão em US$ 82.200 e US$ 79.000.
Mercado segue atento a grandes detentores
Outro ponto monitorado é a possível exclusão da empresa Strategy de índices MSCI em janeiro de 2026. Caso isso aconteça, ETFs que replicam esses índices podem ser obrigados a vender ações da companhia, que está entre as maiores detentoras corporativas de Bitcoin. A decisão está prevista para 15 de janeiro.
Perspectivas gerais
O cenário aponta para um mercado que favorece estratégias baseadas em análise técnica e leitura de fluxo, enquanto abordagens guiadas apenas por narrativas tendem a perder eficiência.
Assim, variáveis como política monetária dos EUA, dados econômicos e comportamento dos ETFs spot de Bitcoin permanecem tão relevantes quanto o próprio gráfico de preços.



















