As mulheres têm conquistado importante crescimento no mercado de investimentos, demonstrando também aumento na representatividade do papel feminino.
De acordo com o relatório Perfil do Investidor, produzido pela Bolsa do Brasil (B3), entre 2018 e 2020, o número de mulheres que investiram na bolsa de valores saltou de cerca de 179 mil para aproximadamente 809 mil.
A taxa de crescimento em 2020 foi de 118.1%. Enquanto a pesquisa “Female Founders Report 2021”, produzido pelo Distrito Dataminer, em parceria com a B2Mamy e Endeavor, somente 4.7% das startups brasileiras foram fundadas unicamente por mulheres.
Dentro desse cenário está a associada da Harvard Angels do Brasil e sócia-fundadora da Trio Capital, Ana Carolina Salles Leite Viseu.
Ana Carolina iniciou a carreira no mercado financeiro em 1995, como trainee no Banco Matrix e logo se tornou trader de Renda Fixa, operando títulos da dívida de países emergentes para os fundos internacionais.
Segundo a empresária, a trajetória profissional trouxe desafios. O próximo passo foi a área de Private Equity (tipo de investimento feito de forma privada). “Naquela época, eu era a única mulher naquela posição.
Tive que mostrar o dobro do resultado para ser reconhecida entre os pares masculinos. Sempre corri atrás dos meus objetivos e tentei me manter acima da média”, relata.
Com a valorização da ESG (Environmental, Social and Governance) dentro das empresas, surgiu também a importância da diversidade de gênero no mercado financeiro. “As mulheres possuem “soft skills”, como: empatia, poder de conciliação e inteligência emocional, habilidades que serão cada vez mais procuradas no mercado de trabalho.
No mundo em que a velocidade da mudança é exponencial, a contratação de mulheres pode contribuir para o resultado positivo de uma equipe.
“Cada vez mais entendemos que ter mulheres nos times de investimentos traz uma vantagem cognitiva e, consequentemente, aumenta a qualidade na tomada de decisão. Estudos já relataram que gestoras mulheres têm uma visão a longo prazo e são menos reativas a notícias ruins e crises”, pontua.
Ana Carolina pontua ainda que as mulheres possuem habilidade em se adaptar aos novos ambientes e capacidade de realizar várias tarefas ao mesmo tempo.
“Um dos maiores desafios para o sexo feminino é reverter o quadro de desigualdade salarial. A tendência ESG pode solucionar esse gap salarial e acredito que, futuramente, podemos ter mercado igualitário”, afirma.
A gestora de fundos de ações também se tornou associada da Harvard Angels do Brasil, que a auxiliou a ter uma visão detalhada de várias verticais de empresas e também da tecnologia.
“A participação no grupo de investidores anjo nos expõe a novos modelos de negócios, como: fintechs, edtechs, constru-techs, healthtechs, entre outros. Além desse fator, temos contato com empreendedores experientes e competentes, com visão de liderança e expertise distintas e que se complementam para o aprendizado e aperfeiçoamento que o mercado necessita”, finaliza.
SOBRE HARVARD BUSINESS SCHOOL ALUMNI ANGELS OF BRAZIL (HBSAAB)
A HBSAAB, associação sem fins lucrativos, foi fundada em 2012 por ex-alunos brasileiros da Harvard Business School interessados em investir capital financeiro e promover capital intelectual em novas empresas.
Ela integra a rede Havard Business School Alumni Angels, que teve início em 2007. A instituição é aberta a todos os alumni de Harvard Business School.