Tarifa de 50% imposta pelos EUA deve redirecionar café brasileiro para a China

Tarifa de 50% imposta pelos EUA deve redirecionar café brasileiro para a China cafe exportacao China

A tarifa de importação de 50% imposta pelo governo Trump sobre o café brasileiro promete redesenhar as rotas globais de comércio do grão, pressionando o maior produtor e exportador mundial a buscar novos mercados.

A medida, que entra em vigor em 6 de agosto, deve beneficiar diretamente países como a China, ao mesmo tempo em que força exportadores brasileiros e traders de commodities a explorar caminhos indiretos para manter o acesso ao mercado norte-americano. O desafio será redirecionar aproximadamente 8 milhões de sacas de café, tradicionalmente vendidas anualmente aos processadores dos Estados Unidos.

Atualmente, a China é o principal parceiro comercial do Brasil, seguida pelos Estados Unidos, que registraram superávit de US$ 7,4 bilhões na balança comercial com o Brasil em 2024. De acordo com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), os EUA importaram 7,5 ml de café brasileiro na safra 2024/25 — o equivalente a 16,4% de exportação.

Com as novas tarifas, especialistas acreditam que haverá uma reorganização nas rotas globais de comércio de café, redirecionando parte significativa da produção brasileira para China e União Europeia, onde não há tarifas semelhantes. “A dor será sentida de São Paulo a Seattle — da origem ao torrefador, às redes de cafés e consumidores”, afirmou Michael J. Nugent, corretor sênior de café nos EUA.

A China, onde o consumo de café cresce cerca de 20% ao ano, já importou mais de 538 mil sacas brasileiras no primeiro semestre de 2025. O grão, antes concentrado no mercado americano, agora ganha espaço no consumo jovem chinês, que vem migrando do chá para bebidas com maior teor de cafeína.

Há também estimativas de que exportadores brasileiros busquem rotas alternativas, enviando o café para países como México ou Panamá, que serviriam como escala para burlar os efeitos tarifários, reduzindo o impacto para até 10% a 15%, segundo executivos do setor.

A exclusão do café da lista de isenções dos EUA é interpretada por analistas como uma moeda de troca política.

Enquanto os EUA tentam conter a ascensão comercial de seus adversários, o Brasil fortalece sua posição como maior exportador de café do mundo, explorando novos mercados e consolidando seu papel estratégico no agronegócio global.

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