A copa do mundo da FIFA encontra-se entre os maiores torneios esportivos do mundo, ao lado das Olimpíadas e do Superbowl. Segundo dados publicados na Forbes, o Catar gastou cerca de US$ 229 bilhões, um valor 20 vezes maior que o investido na copa da Rússia. Nesse valor estão inclusos a construção dos estádios (alguns deles serão demolidos após a copa), ampliação de metrô e ligação com as arenas, melhoramentos de hospitais e investimentos em shoppings, aeroporto e hotéis.
E embora os maiores impactos sejam sentidos pelo país sede, a Copa do mundo de futebol é um torneio que tem um apelo imenso internacionalmente, e movimenta a economia em diversos mercados pelo mundo. Há estimativas que a economia brasileira seja impactada positivamente durante o torneio.
O Brasil tem uma tradição forte no campeonato, e uma cultura futebolística que faz o país parar durante as transmissões, mas a economia não para. Como sabemos da grandiosidade do evento, vamos no ater aos impactos apenas nacionais. Isto já nos dá uma noção do movimento que o esporte traz à economia:
Alta no consumo de itens relativos ao mundial de futebol
36% dos brasileiros se mostraram interessados em adquirir produtos e itens que remetam à copa do mundo de futebol. Esse movimento aumentou já que o campeonato coincidiu com a black friday e a chegada do natal – e o 13º salário. Esses são números divulgados pelo CNC, que aponta ainda que a porcentagem está 12 pontos acima dos apresentados na copa anterior, realizada em 2018. Com isso, a movimentação no comércio deve chegar a cerca de R$ 1,4 bilhão durante o período.
Esses valores incluem também a abertura de vagas de trabalho no comércio, bares e turismo. Como observado durante as partidas, os torcedores gostam de usar roupas de seu time, bem como acessórios e instrumentos, e com isso adquirem itens nas lojas físicas e online, tendo um aumento considerável nas compras virtuais.
Um fato interessante é que, ao contrário de copas anteriores, não houve um aumento significativo no número de televisores comprados, apenas 3,8% segundo os mesmos dados da CNC. No entanto, este item continua sendo o mais comprado durante esta época no segmento de eletrônicos, seguindo uma tradição de décadas.
Com relação aos bares e restaurantes, estes apresentam um aumento considerável durante as partidas, e não somente da seleção brasileira, com a previsão de faturamento de cerca de R$ 864 milhões somente no Brasil. Estes números incluem a contratação de temporários e vendas de bebidas e alimentos. Lembrando que esses números refletem apenas os impactos no Brasil.
A luta pela audiência durante as transmissões
Os torneios esportivos ganham mais notoriedade por causa das suas disputadas transmissões. A rigor, canais televisivos compram os direitos de transmissão com muita antecedência, e a exclusividade se torna um fator chave da audiência.
O diferencial desta copa é a força com que a internet chega, não somente como reprodução de conteúdo, mas também de transmissão. Este ano, os fãs do futebol também podem assistir aos jogos direto do celular através da transmissão oficial de Casimiro.
Bastante popular entre os jovens, Casimiro se tornou o primeiro streamer a transmitir uma Copa do Mundo através de seus canais oficiais. Tal movimento, no entanto, não é inédito, sendo já popular em jogos online. Vários streamers de poker na Twitch, como Monika Zuckowicz por exemplo, vem ganhando notoriedade na Twitch através de suas narrações dos torneios e interação com o público jovem.
E como esperado, as transmissões realizadas via internet, vem batendo recordes partidas após partidas. No jogo Brasil x Suiça, 4,85 milhões de usuários assistiam à partida no youtube, enquanto o Twitch apresentou picos de 331 mil pessoas. Somando tudo, foram 5,1 milhões de pessoas assistindo online.
No entanto, esses números estão longe de bater a audiência televisiva, que é medida por pontos e indicou cerca de 50 pontos e uma participação de público de 76%. Esses números da Globo se tornam gigantescos, com a previsão de faturamento de R$ 2,9 bilhões em comerciais durante os intervalos. Dentre as maiores cotas estão a Claro, Ambev e Itaú, que juntas renderam R$ 600 milhões à emissora carioca.
Apostas em sites se tornam mais populares entre o público
Se formos avaliar mais profundamente, o brasileiro sempre gostou de fazer uma aposta sobre os resultados dos jogos. Grupos de trabalho se reúnem para apostar informalmente enquanto torcem para seus times. A diferença sentida das últimas copas para cá é o visível aumento de apostas formais em sites online.
Antes restritas a um grupo específico, estas se tornaram mais populares graças à propaganda maciça em estádios, times, televisão e influencers. Com espaços privilegiados na publicidade de estádios e times de futebol, as empresas de apostas ganharam mais espaço e apostadores nesta reta de copa do mundo.
O número que somou cerca de R$ 7 bilhões, em 2020, segundo a BNL Data, deve ser ainda maior este ano, já que os torneios futebolísticos são os mais buscados nos sites. As apostas são ainda mais impulsionadas pelas ofertas oferecidas pelas casas e cupons especiais para novos apostadores. De olho nessa fatia de mercado, os bancos começam a se movimentar também.
Nesta copa, o Nubank criou uma ferramenta para apostas durante a copa, o Nubolão. A dinâmica um pouco diferente das casas de apostas. Nela os clientes entram em bolões entre conhecidos, podendo apostar nos resultados finais e havendo também a possibilidade de apostar em grupos maiores. Essa nova fórmula promete se tornar uma tendência nas próximas copas.
Como podemos perceber, uma copa do mundo não se faz apenas em um país e não apenas entre as pessoas que amam o esporte. O torneio movimenta empregos, contribuindo para a economia, aumento de turismo e de consumo de bens e serviços.
