Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, emitiu um duro alerta aos países que mantêm relações comerciais com a Rússia. Em uma iniciativa que promete abalar o comércio global, Trump ameaçou impor tarifas de 100% sobre os produtos exportados por nações que continuam a negociar com Moscou — em especial nos setores de energia, agricultura e armamentos.
As chamadas “tarifas secundárias”, segundo o próprio Trump, não se dirigem diretamente à Rússia, mas têm como objetivo aumentar o custo econômico das relações comerciais com o país, desencorajando parceiros estratégicos do Kremlin.
Entre os países mais vulneráveis a essa possível medida estão China, Índia, Turquia, Emirados Árabes Unidos e Brasil.
China e Índia sob pressão
Após as sanções impostas pelo Ocidente à Rússia devido à guerra na Ucrânia, China e Índia se tornaram os maiores compradores de petróleo russo, representando entre 85% e 90% das exportações do produto. A imposição de tarifas dos EUA poderia desestabilizar significativamente os setores energéticos desses países, com repercussões globais.
Turquia e a energia
A Turquia, embora membro da OTAN, manteve fortes vínculos com a Rússia, especialmente no fornecimento de gás natural. Uma tarifa de 100% comprometeria diretamente sua matriz energética e sua posição geopolítica.
Emirados Árabes e o sistema financeiro
Os Emirados, embora não sejam grandes consumidores de energia russa, operam como um importante canal financeiro entre a Rússia e outros países. As novas tarifas poderiam desarticular esse papel estratégico e afetar transações energéticas internacionais.
Brasil e a dependência dos fertilizantes
No cenário latino-americano, o Brasil é o país mais exposto. Como um dos principais compradores de fertilizantes russos — insumo essencial para as exportações agrícolas do país, como soja, açúcar e café —, o Brasil pode ser severamente afetado por uma tarifa de 100%. A medida comprometeria não apenas a competitividade do Agronegócio brasileiro, mas também a segurança alimentar global.
Tailândia e Vietnã: neutralidade ameaçada
Países como Vietnã e Tailândia, que vêm adotando uma postura neutra na guerra da Ucrânia, também estão em risco. Suas relações com a Rússia nos setores de energia, turismo e defesa os colocam em uma situação diplomática e econômica delicada.
Reação da Rússia
Autoridades russas minimizaram as ameaças e classificaram a proposta como “inaceitável”. O mercado reagiu positivamente: a bolsa de Moscou subiu 2,7% e o rublo se fortaleceu frente ao dólar — sinal de resiliência diante das pressões externas.
Impactos globais e redesenho geopolítico
A possível adoção dessas tarifas por parte dos EUA pode redesenhar alianças comerciais globais, forçando países a repensarem suas cadeias de suprimento e parcerias estratégicas. O cenário ainda é incerto, mas promete tensionar ainda mais as relações internacionais no segundo semestre de 2025.
A Capital Econômico continuará acompanhando de perto os desdobramentos desta política que pode alterar profundamente o equilíbrio comercial global.