A recente aprovação da Lei nº 15.042/2024, que regulamenta o mercado de carbono no Brasil, marca um passo importante no enfrentamento das mudanças climáticas e na promoção de práticas sustentáveis.
A criação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE) coloca o Brasil em posição de destaque no cenário global, promovendo um ambiente favorável à inovação e à geração de novas fontes de receita.
A Lei de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) e seu Impacto na Agricultura
A nova legislação brasileira está ancorada na Lei do Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), sancionada em 2021. Ela permite que os proprietários rurais sejam remunerados por preservar áreas ambientais em suas propriedades.
O Código Florestal Brasileiro já exige que os produtores mantenham uma porcentagem de suas terras como áreas de preservação permanente ou reservas legais, com variação de 20% a 80%, dependendo da região. Com a implementação da PSA, essas áreas, antes vistas como passivos ambientais, agora podem ser transformadas em ativos financeiros por meio da comercialização de créditos de carbono.
Regulamentação do Mercado de Carbono: Um Passo Importante para a Sustentabilidade
Com a aprovação da Lei nº 15.042/2024 e a implementação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa, o Brasil cria um mercado regulado que possibilita a monitoração e comercialização das emissões de gases de efeito estufa (GEE).
Isso permite que produtores rurais que mantêm suas reservas legais e áreas de preservação possam gerar créditos de carbono, que podem ser vendidos para empresas interessadas em compensar suas emissões.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 61% das propriedades rurais no Brasil já possuem áreas destinadas à preservação, o que representa um grande potencial para a geração de créditos de carbono.
Benefícios Econômicos e Ambientais do Mercado de Carbono
A monetização das reservas legais e áreas de preservação permanente oferece benefícios tanto para os produtores quanto para o meio ambiente. Ao recompensar os agricultores por suas práticas de conservação, o mercado de carbono incentiva a adoção de métodos agrícolas mais sustentáveis.
Isso não só contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa, mas também fortalece a imagem do Agronegócio brasileiro como líder em práticas ambientais responsáveis. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estima que o mercado de carbono pode gerar até R$ 50 bilhões em receita adicional para os produtores até 2030.
Apoio a Produtores Rurais e Tecnologia no Mercado de Carbono
A comercialização dos créditos de carbono envolve a atuação de empresas especializadas que auxiliam os produtores na quantificação do estoque de carbono de suas propriedades, na certificação dos créditos gerados e na intermediação das vendas no mercado.
Algumas dessas plataformas oferecem suporte na implementação de estratégias sustentáveis nas propriedades, como recuperação de áreas degradadas, plantio de florestas comerciais e adoção de sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF).
Perspectivas para o Futuro do Agronegócio Brasileiro
A regulamentação do mercado de carbono no Brasil é uma resposta às exigências globais por ações climáticas e uma grande oportunidade para o agronegócio brasileiro.
Com a implementação do SBCE e o fortalecimento da Lei do PSA, o país se coloca em uma posição estratégica para liderar uma transição para um modelo econômico mais sustentável, que alie preservação ambiental e desenvolvimento econômico.
A combinação de áreas de preservação e a comercialização de créditos de carbono cria um ciclo virtuoso, onde o meio ambiente é protegido, os produtores são recompensados por suas práticas sustentáveis e o Brasil se torna um protagonista em soluções climáticas inovadoras.
O futuro do agronegócio brasileiro depende de sua capacidade de se adaptar e prosperar nesse novo paradigma econômico sustentável, consolidando-se como líder global em práticas agrícolas responsáveis e sustentáveis.