O primeiro-ministro britânico Boris Johnson acaba de anunciar um ambicioso plano batizado de “Revolução Industrial Verde”, que promete gerar 250 mil empregos no país.
Segundo o governo do Reino Unido, o projeto terá como alicerce os pontos fortes da economia e da indústria britânicas e receberá 12 bilhões de libras esterlinas em recursos públicos, com a expectativa de que o setor privado mobilize adicionalmente o triplo desse montante até 2030.
Ainda segundo as autoridades britânicas, o objetivo do plano é avançar rumo à erradicação até 2050 das contribuições do Reino Unido para as mudanças climáticas.
O ambicioso plano foi exposto pelo primeiro-ministro a investidores durante uma mesa redonda virtual realizada hoje (17/11). Também nesta terça-feira, o jornal Financial Times publicou um editorial escrito pelo premiê, que é jornalista, no qual ele detalha os objetivos do plano.
Entre os temas principais de investimento estão as energias renováveis, o setor de transporte, a natureza e as tecnologias inovadoras. O anúncio também é parte da preparação do país para sediar a próxima Cúpula Climática da ONU – COP26 – que foi cancelada este ano em razão da pandemia e agora está prevista para acontecer em novembro de 2021, na cidade escocesa de Glasgow.
No centro do projeto estão as regiões industriais do Reino Unido, como Yorkshire e Humber, West Midlands, além de Escócia e País de Gales, em uma clara tentativa de revitalizar os locais de nascimento da primeira revolução industrial.
“Embora este ano tenha tomado um caminho muito diferente daquele que esperávamos, não perdi de vista nossos ambiciosos planos de ativar a economia em todo o país”, afirma o premiê britânico. “Meu Plano de Dez Pontos irá criar, apoiar e proteger centenas de milhares de empregos verdes, ao mesmo tempo em que avançará em direção ao zero líquido até 2050.”
Os dez pontos principais do plano são:
• Ventos offshore: produção de energia eólica offshore (em alto mar) suficiente para alimentar todas as residências, quadruplicando a capacidade atual de 40GW até 2030, o que pode gerar até 60.000 empregos;
• Hidrogênio: gerar 5GW de capacidade de produção de hidrogênio de baixo carbono até 2030 para a indústria, transporte, energia e residências, e visando desenvolver a primeira cidade aquecida inteiramente por hidrogênio até o final da década;
• Nuclear: investir em energia nuclear como uma fonte de energia limpa, e desenvolver a próxima geração de reatores pequenos e avançados, o que poderia gerar 10.000 empregos;
• Veículos elétricos: apoiar bases de fabricação de automóveis em West Midlands, North East e North Wales para acelerar a transição para veículos elétricos, e adaptar a infraestrutura nacional. A indústria automobilística britânica já fabrica uma proporção significativa de veículos elétricos na Europa. Haverá uma consulta pública, ainda sem data definida, sobre a eliminação progressiva de novos veículos pesados a diesel, com a meta de liderar em nível global o frete de emissão zero. O Primeiro Ministro confirmou também que o Reino Unido encerrará a venda de novos carros e vans a gasolina e diesel até 2030, dez anos antes do planejado;
• Transporte público, ciclismo e caminhadas: incentivar viagens de bicicleta e investir no transporte público de emissões zero;
• Jato Zero e marítimo mais verde: apoiar indústrias difíceis de descarbonizar – naval e de aviação – para que se tornem mais verdes por meio do investimento em pesquisa;
• Casas e prédios públicos: tornar casas, escolas e hospitais mais verdes, mais quentes e mais eficientes em termos energéticos, criando 50.000 empregos até 2030, além de uma meta de instalar 600.000 bombas de calor a cada ano até 2028;
• Captura de carbono: buscar a liderança mundial em tecnologia para capturar e armazenar emissões, com a meta de remover da atmosfera 10MT de dióxido de carbono até 2030;
• Natureza: proteger e restaurar o ambiente natural, plantando 30.000 hectares de árvores a cada ano, o que deve gerar milhares de empregos. Para a proteção das paisagens icônicas da Inglaterra serão criados novos parques nacionais;
• Inovação e finanças: desenvolver as tecnologias de ponta necessárias para atingir essas novas ambições energéticas e fazer da cidade de Londres o centro global das finanças verdes.