De fato, o Banco Central está trabalhando na criação do real digital. No dia 24 de maio a instituição divulgou os critérios usados para desenvolver a moeda digital brasileira. No entanto, será necessário pelo menos dois anos para que a novidade ganhe vida de verdade.
O que é a moeda digital brasileira?
Em suma, o real digital é como as notas de real que você guarda na sua carteira. A diferença é que a moeda digital brasileira só existe no ambiente virtual, ou seja, uma nova maneira de ter dinheiro e realizar transações.
O Banco Central criou um grupo para estudar moedas digitais por bancos centrais e avaliar as vantagens e impactos ao criar uma moeda digital. Por volta de agosto de 2020, um comunicado do Banco Central afirmou que mesmo com uma grande quantidade de pagamentos eletrônicos, o dinheiro continuava materializado.
Contudo, criar uma moeda digital emitida por banco central permitiria que os brasileiros pudessem interagir com seu dinheiro de forma totalmente digital.
O que vem a ser o real digital na prática?
Conhecida ao redor do mundo pela sigla CBDC, uma moeda digital emitida pelo banco central é como a versão virtual da moeda de um país. Ou seja: tanto a física quanto a digital servem para realizar compras, estabelecer o valor de algo, guardar para o futuro, entre outras finalidades.
Hoje em dia, grande parte das transações no país já são feitas de forma digital. O relatório The Global Payments Report mostrou que, em 2020, apenas 35% das operações foram feitas com cédulas.
Porém, atualmente o único jeito do Banco Central emitir dinheiro são as moedas e notas em espécie. Ao criar o real digital, a instituição também poderia emitir reais virtualmente, e colocar em circulação moedas que nunca foram impressas.
Sem dúvida, a maneira de enxergar o dinheiro mudaria drasticamente. Além do Brasil, países como Estados Unidos, China, Coreia do Sul e Suécia também estudam criar suas moedas digitais emitidas por bancos centrais.
O Brasil está criando sua própria criptomoeda?
O Brasil não está criando seu próprio Bitcoin. Apesar de as CBDC e as criptomoedas, como o Bitcoin, viverem no mundo digital, existem diferenças importantes que as separam.
Uma moeda digital emitida por banco central, como o próprio nome já diz, é regulada pela autoridade monetária de um país. Ou seja: todas as decisões sobre ela são centralizadas numa instituição responsável por regular o sistema financeiro de uma nação.
Já criptomoedas, como o Bitcoin, são emitidas e distribuídas de forma descentralizada, isto é, sem um governo ou banco central específico. Quem regula o sistema é a própria rede de usuários, ao invés de uma instituição.
Outra diferença importante é que, enquanto criptomoedas atuam como ativos financeiros, as CBDC funcionam como o dinheiro tradicional. Com elas, você realiza as tarefas do dia a dia, tais como: pagar contas, transferir para outras pessoas e guardar.
Atualmente, não é possível pagar por qualquer coisa usando Bitcoins, por exemplo. Já com o real digital isso seria possível.
Certamente, isso não quer dizer que o dinheiro físico vai acabar. Especialmente porque ele ainda tem importância em várias regiões por inúmeros motivos e, mesmo sem ser tão usado hoje em dia.
Por causa do avanço da digitalização financeira, a ideia do Banco Central do Brasil é transformar o real digital em um complemento do real em espécie.
Como deve ser o real digital?
Principalmente por serem moedas digitais que os bancos centrais emitem, cada CBDC tem características próprias que variam de acordo com o objetivo de cada instituição.
No Brasil, o Banco Central lançou, no dia 24 de maio, as instruções de como deve ser o real digital. Isso quer dizer que já está tudo definido? Não, mas já dá para imaginar o que pode vir por aí:
- Integração com os sistemas de pagamentos atuais, a fim de permitir operações como o pagamento em uma loja e a transferência de dinheiro para outras pessoas – até mesmo para transações sem conexão com a internet;
- Modelo de distribuição intermediado pelos participantes do sistema de pagamentos, como bancos e fintechs. Isto é, o real digital deverá ficar armazenado numa carteira virtual de uma instituição financeira;
- Possibilidade de conexão com outros bancos centrais, isso permitirá operações digitais com outros países, por exemplo;
- Foco em tecnologia para fomentar modelos de negócio inovadores que tragam mais eficiência à economia do país.
Com essas diretrizes, o plano do Banco Central é ouvir sugestões da população e lançar a moeda digital brasileira em dois ou três anos. De acordo com a instituição, essas diretrizes refletem sua visão atual sobre o assunto, mas isso pode mudar depois do debate com a sociedade.
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