O faturamento real médio das pequenas e médias empresas brasileiras (PMEs) voltou a crescer no terceiro trimestre de 2025, após um primeiro semestre de estagnação. De acordo com o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs), o avanço foi de 1,9% na comparação anual, revertendo a estabilidade observada no trimestre anterior.
Apesar da melhora, o ritmo de recuperação ainda é considerado moderado e inferior ao registrado entre 2022 e 2024. O desempenho reflete o impacto da desaceleração da economia brasileira, a manutenção da taxa de juros em níveis elevados e as condições restritivas de crédito, que continuam limitando a expansão do setor.
Indústria lidera recuperação
Entre os setores analisados, a Indústria foi o destaque, com alta de 7,9% em relação ao mesmo período de 2024, impulsionada por segmentos como fabricação de papel, bebidas, alimentos e produtos de madeira.
O setor de Serviços também apresentou crescimento, com avanço de 1,3%, sustentado por áreas como transportes, atividades profissionais e técnicas, informação e comunicação, além de serviços financeiros e de seguros.
Por outro lado, Comércio (-2,4%) e Infraestrutura (-4,8%) mantiveram retração, influenciados pela demanda reprimida por crédito e pelo desaquecimento da construção civil.
Cenário macroeconômico ainda restritivo
O comportamento das PMEs reflete um ambiente econômico com sinais mistos. Houve alívio nos custos, com o IGP-M acumulado em 12 meses caindo de 8,58% no primeiro trimestre para 2,82% no terceiro trimestre, segundo dados da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Em contrapartida, os juros elevados — com a taxa Selic mantida em 15% ao ano pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil (Copom) — continuam restringindo investimentos e consumo.
A resiliência do mercado de trabalho e a elevação dos rendimentos reais (+8,7% em agosto frente à média de 2019) ajudaram a sustentar a demanda, principalmente nos serviços voltados à renda. A confiança do consumidor também apresentou leve melhora, com crescimento médio de 0,6% ao mês entre junho e setembro, de acordo com a Sondagem do FGV IBRE.
Desempenho regional desigual
O Sudeste voltou ao campo positivo (+1,9%), após dois trimestres de retração, e o Sul manteve crescimento consistente (+4,1%). O Centro-Oeste registrou leve alta (+1,0%), enquanto Nordeste (-0,3%) e Norte (-2,2%) seguiram em queda.
Para os próximos trimestres, a expectativa é de crescimento de 0,8% do IODE-PMEs em 2025 e de 1,9% em 2026, acompanhando o ritmo mais lento da economia nacional.
Reforma Tributária exigirá atenção
A transição da Reforma Tributária do Brasil de 2023, com a aplicação das alíquotas-teste da CBS e do IBS, deve trazer novos desafios para as PMEs a partir de 2026. Pesquisas recentes indicam que cerca de 60% dos empresários ainda não sabem avaliar o impacto da mudança sobre seus negócios.
A orientação de especialistas é que as empresas reforcem o planejamento financeiro e mantenham proximidade com seus contadores, uma vez que a adaptação às novas obrigações exigirá capacidade de resposta rápida e organização.