A taxa de desocupação no Brasil caiu para 6,6% no trimestre encerrado em abril, segundo os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O índice representa um avanço no nível de ocupação da população brasileira, mas especialistas alertam que os sinais de recuperação ainda são limitados e desiguais, principalmente diante da taxa de subutilização, que permanece elevada em 15,4%.
Embora a criação de empregos formais e o aumento dos rendimentos reais sejam considerados pontos positivos, analistas afirmam que o ritmo de geração de vagas está desacelerando, e boa parte das oportunidades se concentra em postos informais ou de baixa qualificação.
Especialistas apontam desafios estruturais e riscos à continuidade da recuperação
Para Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, o mercado de trabalho segue aquecido, mas já apresenta sinais de perda de fôlego. Ele aponta que a sustentabilidade dessa recuperação dependerá de maior previsibilidade fiscal, redução de incertezas políticas e incentivos à formalização com foco em produtividade.
“Caso contrário, a desaceleração da atividade econômica, somada aos juros ainda elevados, pode limitar novas contratações nos próximos meses”, afirma.
Pedro Ros, CEO da Referência Capital, também destaca o papel da informalidade no atual cenário. “A taxa de subutilização mostra que milhões de pessoas ainda estão em empregos precários.
A recuperação está sendo puxada pelo setor de serviços e pela informalidade, sem refletir avanços reais em produtividade. Para garantir um avanço consistente, o país precisa investir em reformas estruturais, como simplificação tributária e maior segurança jurídica”, avalia.
Produtividade, crédito e ambiente de negócios como pontos críticos
Outros especialistas reforçam a necessidade de medidas que estimulem a modernização da economia e a qualificação da força de trabalho.
Para Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital, é fundamental investir em infraestrutura, transição energética e qualificação profissional. “Esses são pilares para liberar o potencial de geração de empregos de longo prazo”, afirma.
João Kepler, CEO da Equity Group, acredita que o fortalecimento do mercado de trabalho passa por estímulos ao empreendedorismo e apoio às pequenas e médias empresas, principais empregadoras do país. “Desburocratizar e reduzir o custo de empreender no Brasil são passos urgentes”, ressalta.
André Matos, da MA7 Negócios, também vê a confiança do empresariado como um fator decisivo para novas contratações. “A retomada do emprego depende do acesso ao crédito, políticas de estímulo e desoneração da folha, especialmente para setores que mais empregam”, analisa.
Qualificação e Tecnologia como vetores de crescimento sustentável
Outros executivos reforçam a importância da educação empreendedora e da digitalização das empresas. Jorge Kotz, do Grupo X, defende que a geração de empregos sustentáveis exige preparar melhor os gestores para liderar negócios em crescimento, com acesso facilitado ao crédito e planejamento estruturado.
Na mesma linha, Theo Braga, CEO da SME The New Economy, avalia que sem estímulo à inovação e à qualificação profissional, o país corre o risco de manter uma recuperação superficial. “A digitalização das empresas e o empreendedorismo produtivo são essenciais para impulsionar o crescimento de longo prazo”, aponta.
Carlos Braga Monteiro, do Grupo Studio, destaca ainda que a adoção de tecnologias de gestão e soluções tributárias pode aumentar a eficiência das empresas e liberar recursos para novas contratações.
Por fim, Pedro Da Matta, CEO da Audax Capital, reforça que transformar a recuperação atual em um ciclo sustentável de geração de empregos requer uma política econômica baseada em previsibilidade, investimentos privados e produtividade.
“Sem isso, corremos o risco de prolongar um cenário de desequilíbrio no mercado de trabalho”, conclui.