O aumento das tensões geopolíticas no Oriente Médio, especialmente o conflito entre Irã e Israel, tem gerado preocupação crescente nos mercados internacionais e no setor logístico.
Apesar do anúncio de um cessar-fogo, a instabilidade persiste, agravada pela participação dos Estados Unidos e pela possibilidade de novas retaliações por parte do Irã.
Estreito de Ormuz: ponto estratégico sob ameaça
Um dos principais focos de atenção é o Estreito de Ormuz, no Golfo Pérsico, rota estratégica por onde transita entre 20% e 30% do petróleo comercializado mundialmente.
O fechamento temporário do estreito nas últimas semanas provocou incertezas sobre o abastecimento global de energia e fertilizantes, produtos altamente dependentes da estabilidade da região.
Segundo Fernando Balbino, diretor da área internacional da empresa de logística IBL World, “a região de Ormuz é crítica para o transporte de gás natural, ureia e amônia. Um bloqueio parcial já provoca um efeito dominó nas rotas, atrasando embarques e elevando os custos operacionais. As tarifas sobem e o impacto se distribui por toda a cadeia logística, podendo aumentar os custos em até 3,5%, mesmo com contratos já firmados”. Balbino estima que o frete marítimo pode registrar alta entre US$ 500 e US$ 1.000 por embarque.
Petróleo e combustíveis: impacto direto nos fretes
Segundo a Administração de Informação de Energia dos EUA (EIA), o Irã detém a terceira maior reserva de petróleo do mundo. Qualquer ameaça à produção ou exportação do país tende a impactar diretamente os preços do barril, que recentemente voltou a ultrapassar os US$ 75.
Esse aumento pressiona os custos do combustível marítimo, especialmente o Very Low Sulfur Fuel Oil (VLSFO), gerando efeito em cascata sobre os preços dos fretes e de toda a cadeia de suprimentos.
Agronegócio brasileiro em alerta
O cenário afeta de maneira particular o agronegócio brasileiro. O Irã é responsável por aproximadamente 20% da ureia importada pelo Brasil, com produção anual entre 9 e 10 milhões de toneladas — cerca de 4% da oferta global. Como o Brasil é altamente dependente da importação de fertilizantes nitrogenados, qualquer interrupção no fornecimento gera impacto imediato sobre os custos de produção agrícola.
Estratégias para mitigar riscos logísticos
Em resposta aos riscos geopolíticos, especialistas destacam a importância de investir em planejamento e resiliência logística. “Independente do setor, a previsibilidade nas operações se torna um diferencial competitivo.
Para mitigar riscos, é essencial investir em inteligência logística, diversificação de rotas e planejamento estratégico”, afirma Balbino.
Adaptação contínua será essencial
A continuidade das tensões no Oriente Médio exige vigilância constante e adaptação rápida por parte dos agentes da cadeia logística global, que enfrentam um cenário volátil e sensível a qualquer desdobramento geopolítico.