FIAGROs: Alternativa de Financiamento para o Agronegócio brasileiro
Os Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (FIAGROs) foram criados em 2021 como uma alternativa de financiamento para o agronegócio brasileiro, visando reduzir a dependência dos produtores rurais dos bancos tradicionais e do Plano Safra.
Esses fundos têm como objetivo facilitar o acesso a crédito para os produtores, seja por meio de investimentos imobiliários rurais ou de atividades ligadas ao setor agroindustrial. Com o crescimento do FIAGRO, tornou-se possível que investidores urbanos participassem do agronegócio, aproveitando o potencial do setor no Brasil.
Veto Presidencial na Reforma Tributária Afeta FIAGROs
No entanto, em janeiro de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei Complementar 214/2025, que regulamenta a reforma tributária, mas vetou trechos importantes para os FIAGROs e os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs).
O veto se refere à isenção de tributos que, se mantidos, livrariam esses fundos da cobrança da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), previstos na reforma tributária.
Justificativa do Governo e Impactos no Crédito Agropecuário
A justificativa do governo para o veto foi a ausência de uma autorização constitucional para que esses fundos fossem considerados isentos do IBS e da CBS.
Essa medida pode afetar diretamente o financiamento do agronegócio, que já enfrenta desafios com a escassez de crédito e as altas taxas de juros praticadas por bancos e cooperativas de crédito.
O Papel dos FIAGROs no Agronegócio e a Suspensão do Plano Safra
O agronegócio brasileiro conta com um número reduzido de opções de crédito, sendo que apenas uma parte da produção é atendida pelo Plano Safra. Com a suspensão das contratações de novas linhas de financiamento para 2024/2025, a alternativa dos FIAGROs se torna ainda mais relevante, uma vez que esses fundos têm se mostrado uma solução viável para o financiamento do setor, especialmente diante da crescente dificuldade em obter crédito bancário.
No entanto, o veto presidencial impõe um obstáculo considerável a esse modelo, ao aumentar a carga tributária sobre os FIAGROs, que passariam a pagar uma alíquota de até 28,5%, tornando-os financeiramente inviáveis.
Impacto da Tributação no Setor Agropecuário e no Consumidor
A tributação desses fundos pode ter um impacto significativo, não apenas para os produtores rurais, mas também para os consumidores. Com a elevação dos custos de produção, o preço dos produtos agropecuários tende a subir, afetando diretamente o custo de vida da população.
A medida também compromete a competitividade do setor, tornando mais difícil o acesso ao crédito, o que, por sua vez, pode reduzir a oferta de alimentos no mercado.
Expectativas e Ações no Congresso Nacional
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) já se manifestou contrária ao veto e espera atuar no Congresso Nacional para derrubá-lo, a fim de garantir que os FIAGROs possam continuar a funcionar como uma importante fonte de financiamento para o agronegócio brasileiro.
Com a alta demanda por crédito no setor e a dificuldade de acesso ao financiamento tradicional, é crucial que alternativas como os FIAGROs não sejam prejudicadas pela reforma tributária, a fim de manter a estabilidade e o crescimento do agronegócio no Brasil.
Desafios Logísticos e Tributários para o Setor Agropecuário
Em um cenário onde os custos logísticos e tributários já são elevados, a tributação adicional dos FIAGROs coloca uma pressão ainda maior sobre o setor agropecuário, com reflexos diretos na cadeia de abastecimento e nos preços dos produtos consumidos diariamente pelos brasileiros.