ZURIQUE – Klaus Schwab, fundador e figura emblemática do Fórum Econômico Mundial (WEF), anunciou sua renúncia ao cargo de presidente do conselho de administração da instituição. O comunicado foi divulgado nesta segunda-feira, após o WEF informar, no início do mês, que Schwab, de 87 anos, estaria deixando sua posição sem um cronograma definido.
Schwab afirmou que sua decisão foi tomada ao se aproximar do 88º aniversário. “Decidi deixar o cargo de presidente e de membro do Conselho de Administração, com efeito imediato”, declarou em comunicado oficial. O WEF não forneceu detalhes sobre as razões para sua saída.
Em uma reunião extraordinária realizada em 20 de abril, o conselho do WEF aceitou a renúncia de Schwab, designando o vice-presidente Peter Brabeck-Letmathe para atuar como presidente interino enquanto se busca um sucessor.
O WEF, fundado em 1971 por Schwab, tem como objetivo reunir líderes empresariais e formuladores de políticas para discutir questões globais. O vilarejo de Davos, na Suíça, onde ocorre sua reunião anual, tornou-se um ponto de referência internacional, atraindo, em janeiro, líderes políticos, executivos e personalidades de diversas áreas para definir a agenda do ano.
Controvérsias e Críticas
A reunião em Davos, historicamente considerada um marco da globalização, enfrentou críticas crescentes, tanto de setores à esquerda quanto à direita. Os opositores questionam o caráter elitista do evento, que parece desconectado das realidades vividas pela população em geral.
Além disso, a cultura interna do WEF também se viu sob escrutínio. Relatórios indicam que a diretoria colaborou com um escritório de advocacia para investigar alegações de assédio e discriminação no ambiente de trabalho, embora o WEF tenha negado tais acusações.
Desde a crise financeira de 2007-2009 e, mais recentemente, em face da invasão russa à Ucrânia e das tendências protecionistas nos EUA, o WEF tem enfrentado crescentes desafios. Alguns analistas questionam a relevância da instituição, que passou a ser vista como uma organização em declínio.
Schwab havia alertado sobre o descontentamento com a globalização muito antes de eventos como a eleição de Donald Trump ou o referendo do Brexit, em 2016. Em um artigo de opinião datado de 1996, Schwab e seu colega Claude Smadja destacaram o crescente ressentimento nas democracias industriais e as suas possíveis consequências sociais e econômicas.
O clima de impotência e ansiedade nas sociedades democráticas, segundo os autores, contribui para a ascensão de novos políticos populistas, uma tendência que continua a se manifestar em diversos países.
(Reportagem de Dave Graham; edição de Kirsten Donovan, Rachna Uppal e Andrew Cawthorne)