O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou, nesta segunda-feira (20), a nomeação do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) como novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, em substituição a Márcio Macêdo (PT-SE), que ocupava o cargo desde o início do atual governo.
A nomeação foi oficializada durante reunião no Palácio do Planalto, com a presença de ministros e assessores próximos. A Secretaria-Geral é responsável pela articulação com Movimentos sociais e organizações da sociedade civil, integrando o núcleo estratégico do governo federal e funcionando diretamente no Planalto.
Objetivo político e simbolismo da escolha
A escolha de Boulos tem como objetivo fortalecer o diálogo com os movimentos sociais e ampliar as pontes políticas do governo com lideranças populares em todo o país, em um momento em que o Palácio do Planalto busca consolidar alianças com vistas às eleições de 2026.
O novo ministro, eleito deputado federal por São Paulo com mais de 1 milhão de votos, destacou nas redes sociais que sua principal missão será “colocar o governo na rua”, aproximando o Executivo da população.
“Agradeço ao presidente Lula pelo convite para ser ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República. Minha principal missão será ajudar a colocar o governo na rua, levando as realizações e ouvindo as demandas populares em todos os estados do Brasil”, escreveu.
Boulos também ressaltou que sua trajetória no movimento social brasileiro será a base de seu trabalho no novo cargo:
“Minha grande escola de vida e de luta foi o movimento social. Levarei esse aprendizado agora ao Planalto. Presidente, sua confiança será honrada com muito trabalho.”
Funções e atribuições do cargo
Como ministro da Secretaria-Geral, Boulos será responsável por assessorar o presidente da República, coordenar o diálogo com a sociedade civil e atuar na mobilização social em torno de programas e políticas públicas. A pasta é considerada estratégica por manter interlocução direta com movimentos sociais, ONGs, entidades sindicais e a juventude — papel que historicamente reforça a ligação entre o governo e as bases populares.
Perfil e trajetória
Nascido em São Paulo em 19 de junho de 1982, Guilherme Boulos é filho dos médicos e professores universitários Maria Ivete e Marcos Boulos. Formado em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), é especialista em Psicologia Clínica pela PUC-SP e mestre em Psiquiatria pela USP.
Sua militância começou ainda no ensino médio, quando participou do movimento estudantil e de projetos de alfabetização de jovens e adultos. Aos 19 anos, ingressou no Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), do qual se tornou uma das principais lideranças nacionais, dedicando-se à luta por moradia digna e reforma urbana.
Boulos também é autor e professor, com livros publicados sobre política e cidadania, como “Por que ocupamos?”, “De que lado você está?” e “Sem Medo do Futuro”.
Carreira política
Filiado ao PSOL, Boulos ganhou projeção nacional ao disputar a Presidência da República em 2018, aos 35 anos, e concorrer por duas vezes à Prefeitura de São Paulo (2020 e 2024).
Em 2022, foi eleito deputado federal mais votado do estado de São Paulo, com mais de 1 milhão de votos — o segundo maior número do país.
Com sua nomeação, o governo Lula completa a 13ª troca ministerial desde o início do mandato. A entrada de Boulos representa uma ampliação de espaço político para o PSOL dentro do governo e reforça a aposta em lideranças de origem popular como pontes com a base social do país.
Segundo aliados do Planalto, Boulos deve permanecer no cargo até o fim do mandato e não pretende disputar eleições em 2026.