O início do ano fiscal nos Estados Unidos, em setembro, é considerado um marco estratégico para brasileiros que planejam migrar para o país no ano seguinte.
Diferentemente do Brasil, onde o calendário gira em torno de janeiro, nos EUA setores como universidades, orçamento público e políticas de imigração seguem a virada de setembro.
A busca por alternativas legais de imigração tem crescido em meio à instabilidade econômica e à insegurança no Brasil. De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o país registrou 47,5 mil mortes violentas em 2023.
Já dados do IBGE indicam perda de poder de compra do salário mínimo ao longo da última década. Esses fatores têm levado famílias a planejar ainda em 2025 uma mudança definitiva para os EUA em 2026.
Segundo o advogado Daniel Toledo, especialista em Direito Internacional, a preparação exige mais do que questões documentais. “A mudança não começa com o carimbo no passaporte, mas sim em casa, com organização financeira, definição da cidade, escolha de escolas e até o preparo emocional da família”, afirmou.
Importância do calendário americano
Especialistas destacam que o calendário fiscal dos EUA, que se encerra em 30 de setembro, é determinante para imigrantes, já que prazos de liberação de vistos, concessão de bolsas de estudo e matrículas escolares estão alinhados a esse período. Antecipar o planejamento pode reduzir riscos de perder oportunidades.
A demanda por vistos também segue em alta. Dados do Departamento de Estado norte-americano mostram que, em 2023, foram emitidos mais de 10 milhões de vistos não imigrantes, retomando os níveis anteriores à pandemia.
Principais etapas do planejamento
- Organização financeira: custos médios de aluguel em cidades como Orlando e Houston variam entre US$ 1,5 mil e US$ 2,5 mil mensais. Especialistas recomendam uma reserva de pelo menos seis meses de despesas.
- Domínio do idioma: embora o espanhol seja falado por mais de 41 milhões de pessoas nos EUA, o inglês permanece essencial para estudo e trabalho.
- Documentação escolar e acadêmica: certificados e diplomas precisam ser traduzidos por tradutores juramentados, processo que pode levar semanas.
- Escolha da cidade de destino: estados como Flórida e Texas têm atraído brasileiros por fatores como clima, custo de vida e oportunidades de emprego.
- Definição do visto adequado: categorias como o EB-2 NIW (para profissionais qualificados) e o EB-5 (para investidores) variam conforme o perfil do solicitante.
Para Toledo, a preparação deve ser iniciada com antecedência. “É como uma mudança em duas etapas: primeiro você organiza a vida no Brasil para, depois, construir nos Estados Unidos. Quanto antes começar, mais tranquilo será o processo”, concluiu.