A intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China voltou a impactar o comércio global em 2025, especialmente o setor de transporte marítimo.
Com o anúncio de novas tarifas de importação por ambas as potências, as trocas bilaterais entre as duas maiores economias do mundo vêm diminuindo, o que tem provocado mudanças significativas nas rotas comerciais, flutuações nos preços dos fretes e aumento dos riscos logísticos. O Brasil, como player relevante no comércio internacional, sente os efeitos dessa instabilidade.
Redirecionamento de cargas pressiona rotas alternativas
A nova rodada de tarifas inclui sobretaxas de até 25% aplicadas pelos Estados Unidos sobre diversos produtos chineses, com medidas similares adotadas pela China em retaliação.
Como resultado, empresas e operadores logísticos têm redirecionado suas cargas para rotas alternativas, o que aumenta a pressão sobre portos na América do Sul, Sudeste Asiático e Europa. Esses deslocamentos causam congestionamentos, atrasos e elevação dos custos operacionais.
Impactos diretos para o Brasil
No contexto brasileiro, os impactos se manifestam de forma dual. Por um lado, há o crescimento na demanda por exportações de commodities como soja, minério de ferro e carne, impulsionado pela necessidade chinesa de diversificar fornecedores.
Por outro, a importação de máquinas, componentes eletrônicos e insumos industriais — muitos originários da China — enfrenta prazos mais longos e aumento nos custos logísticos. Segundo a Associação Brasileira de Logística (Abralog), o transporte marítimo registrou alta média de 18% nos custos durante o primeiro quadrimestre de 2025 em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Setor de seguros de carga observa aumento de riscos
O setor de seguros de carga também acompanha de perto essa nova dinâmica. A instabilidade nas rotas e os atrasos aumentam o risco logístico, o que eleva a ocorrência de avarias, furtos, desvios e outros imprevistos durante o transporte.
Especialistas apontam uma elevação na demanda por apólices com coberturas ampliadas, incluindo proteção contra eventos climáticos e interrupções inesperadas nas rotas comerciais.
Diante desse cenário, empresas brasileiras têm revisado seus contratos de comércio exterior, incorporando cláusulas mais rigorosas para garantir compensações em casos de atrasos e interrupções.
O seguro de carga, antes considerado opcional por algumas companhias, tem ganhado status de ferramenta estratégica para mitigar riscos e assegurar a continuidade dos negócios.
Adaptação é chave para manter competitividade
Com a persistência das tensões comerciais entre os dois gigantes globais, analistas recomendam que as empresas redobrem a atenção ao cenário geopolítico e adotem práticas de gestão de risco mais proativas.
A capacidade de adaptação e planejamento será essencial para que o Brasil mantenha sua competitividade no comércio internacional em meio a um ambiente cada vez mais incerto.