O Drex, Real Digital, já está em fase de testes pelo Banco Central. A previsão é que a nova moeda esteja disponível para os brasileiros no final de 2024.
Diferente de um criptoativo, que tem gestão descentralizada e privada, o Drex será regulamentado e controlado pelo Banco Central, com paridade fixa com o Real – sempre 1 para 1. Mas, na prática, qual será o impacto da nova moeda na vida do brasileiro e na economia do país?
Por ser uma moeda nacional, o Real Digital poderá ser usado nas transações comuns, como compras, pagamentos e até investimentos.
“As pessoas vão carregar o Drex em sua carteira digital, da mesma forma que, hoje, carregam uma nota na carteira física”, compara Carlos Castro, CEO da SuperRico, plataforma de saúde financeira.
Um dos benefícios é a segurança. “Por ser uma forma de pagamento instantânea, ou seja, sai de uma wallet diretamente para outra, o risco de fraude é mínimo”, aponta Castro.
Outra característica é a rastreabilidade. “Quando pegamos uma nota de Real, não sabemos o que aquele dinheiro já comprou, por onde ele já passou”, exemplifica Gustavo Cerbasi, especialista em inteligência financeira e sócio da SuperRico.
“No caso do Drex, toda a informação histórica já fica armazenada, sem depender do banco para processar esse histórico de transação”, complementa.
Além disso, uma das grandes mudanças é a programabilidade. A moeda digital pode ser programada. Essa funcionalidade ajudaria em situações como a criação de um crédito digital com prazo certo para expirar, por exemplo, ou a concessão de um benefício que deve ser utilizado para uma finalidade específica, como um vale-leite.
O Real Digital vem também para desburocratizar algumas operações que, hoje, são bastante custosas. As operações de câmbio, por exemplo, tendem a ser facilitadas e ter seu custo muito reduzido.
“Se eu quiser fazer uma transferência para alguém que está do outro lado do mundo, basta que a pessoa aceite o Drex”, explica Cerbasi.
“Não será mais uma questão de cotação ou de algum impedimento legal. A partir do momento em que se tem um histórico da origem, é possível vislumbrar um mundo no qual o dinheiro poderá circular mais livremente”.
O especialista reforça ainda que não se trata de descentralização ou desregulação – o Drex será devidamente regulado pelo Banco Central –, mas de criar uma moeda que tenha maior utilidade em situações mais versáteis.
A economia brasileira com o Drex
A agenda do Banco Central é pró-tecnologia. Prova disso foi a recente criação do Pix e, agora, do Drex.
“A digitalização do Real traz para economia eficiência na forma de redução de custo. A instantaneidade das operações faz com que muitos processos sejam mais eficientes e mais baratos. Isso deve significar crédito mais eficiente, mais universal. E o mesmo vale para os investimentos”, destaca Gustavo.
É importante mencionar ainda que, ao contrário do que muitos podem pensar, a maior rastreabilidade do Real Digital não tira a liberdade do brasileiro. Ela permite cobrir o dinheiro fraudulento.
“Quando se traz eficiência para a economia e formas de universalizar a captação de impostos de maneira mais justa, é possível reduzir a carga tributária como um todo”, afirma Cerbasi.
Desafios e expectativas
A proposta do Real Digital é a democratização e a inclusão financeira por meio da digitalização. Mas é importante lembrar que a digitalização vem com o acesso à internet.
“Estamos falando de conectividade. Dos 8 bilhões de pessoas que compõem a população mundial, apenas 3 bilhões têm acesso à internet. Então, ainda há muito a ser feito. O acesso ao digital é um outro ponto que precisa ser trabalhado para que a aplicação do Drex seja mais democrática”, alerta Carlos Castro.
Ainda é cedo para enumerar as aplicações do Real Digital. O Banco Central está, justamente, trabalhando para desenvolver essas aplicações. As possibilidades são inúmeras e as expectativas, positivas.
Sobre a SuperRico
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