Apesar de ter sido negociado a US$ 108 mil no início deste ano, impulsionado pela posse de Trump, o Bitcoin ($BTC) segue lateralizado, sugerindo um mercado estabilizado. Diferente de momentos de valorização onde o nível de ganância aumenta, na fase de estabilidade, este nível aponta para a neutralidade, geralmente marcada por menos volume de negociação e preços que oscilam, mas dentro de uma faixa limitada.
Com isso, muitos investidores se perguntam: apesar da lateralização, este é o momento certo para agir?
Danilo Matos, especialista da NovaDAX, responde porque esse cenário lateralizado se instaurou no mercado mesmo com as previsões positivas para as eleições americanas e como ele pode representar grandes oportunidades estratégicas para quem deseja aproveitar ao máximo os próximos ciclos de valorização.

Imagem 1: Termômetro de Medo e Ganância atualmente
Por que o mercado está parado?
“Atualmente, o Bitcoin ($BTC) é negociado a US$ 96.079, permanecendo acima do suporte de US$ 95.869. Este nível de suporte tem se mantido o mesmo por quase um mês, comprovando a sua lateralização, e nós estamos em uma das maiores lateralizações da história do mercado – o Bitcoin mantém movimentação inferior a 15% desde os últimos 90 dias.
E apesar da expectativa com a posse do presidente pró-cripto Donald Trump, a atual faixa de preço do Bitcoin mostra claramente a necessidade do mercado por mais eventos externos, para aumentar a pressão de compra e ultrapassar a linha de resistência. Algo já esperado por especialistas, que não apontavam a posse do então presidente americano como um fator intrínseco a uma valorização de longo prazo para o Bitcoin.
Isso se dá porque o mercado de criptomoedas depende bastante de fatores macroeconômicos que impulsionem sua valorização, além de uma política nos EUA favorável ao seu desenvolvimento. Neste momento, a incerteza das políticas tarifárias de Trump e casos como as acusações contra o presidente Milei por promover o token Libra (LIBRA) ligado a um esquema pump-and-dump e a apreensão de US$ 190 milhões em criptomoedas ligadas à fraude da Bitconnect, pelo Diretório de Fiscalização da Índia (ED), não favorecem esse cenário, mantendo a lateralização.
Outro tema que impactou o mercado nesta semana foi a Solana (SOL), que enfrenta um período turbulento. Nesta terça-feira (18), o token registra uma queda de 8,34%, sendo negociado a US$ 170,72, acumulando uma desvalorização de 15% nos últimos sete dias.
Um dos fatores que contribuem para essa pressão no mercado é o iminente desbloqueio de 11,2 milhões de tokens SOL, avaliados em aproximadamente US$ 2,06 bilhões, programado para 1º de março. Esse movimento faz parte do plano de reestruturação da exchange de criptomoedas FTX, que visa reembolsar seus credores.
Durante o processo de falência, a FTX liquidou 41 milhões de SOL em três leilões, sendo a Galaxy Digital o maior comprador, adquirindo 25,52 milhões de tokens a US$ 64 cada. Com a valorização da Solana desde então, a Galaxy Digital registra um retorno de 187% sobre o investimento.
A liberação desses tokens no mercado pode intensificar a pressão vendedora sobre a Solana, potencialmente afetando seu valor de mercado. Investidores e participantes do mercado estão atentos aos desdobramentos desse evento e suas possíveis implicações no ecossistema cripto.
Além disso, em dezembro, o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, já havia anunciado que os cortes nas taxas de juros esperados para 2025 seriam menores do que o previsto. Isso aconteceu porque os primeiros dados do ano mostraram que a economia americana continua forte, com alta geração de empregos e crescimento da renda. Isso reduz o apetite dos investidores por ativos de maior risco.
Quando os juros estão altos, investimentos em renda fixa, como os títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries), se tornam mais atrativos, pois oferecem ganhos seguros e previsíveis. Embora pareça positivo, esse cenário pode aumentar a inflação, pois, com mais dinheiro circulando, as pessoas consomem e tomam mais empréstimos. Para evitar que os preços subam demais, o Fed mantém os juros elevados, tornando o crédito mais caro e reduzindo o ritmo da economia.”
Como se posicionar?
“Os gráficos mostram que períodos de lateralização tendem a preceder momentos de avanço no mercado (Imagem2). Um mercado parado é, basicamente, um mercado de acumulação e reposicionamento.
Apesar do gráfico de medo e ganância com seu indicador pendendo para o medo, o que pode causar receio em investidores com perfil mais conservador, isso pode, na verdade, representar a oportunidade necessária para uma acumulação antes de grandes movimentos.

Imagem 2: Bitcoin se mantendo estável em 2024 e explodindo em 2025
Para quem pensa no longo prazo, essa fase pode ser aproveitada para construir posições de forma segura.
Em momentos como esse, evite agir por impulso. A psicologia do investidor é testada, e quem mantém a disciplina tende a sair na frente quando o mercado retoma sua tendência de alta. Use esse período para revisar sua estratégia, rebalancear sua carteira e realocar seus ativos. Desfaça-se daquelas criptos que foram compradas em momento de euforia e que dificilmente alcançarão uma pressão de compra novamente, ou seja, não há mais potencial de valorização.
Adote o Dollar Cost Averaging (DCA). Essa estratégia é especialmente útil em mercados voláteis, seja em momentos lateralizados ou não, já que ajuda o investidor tirando a necessidade de tentar prever o “melhor momento” para entrar. Aproveite para reduzir o preço médio das criptomoedas que você acumulou durante a alta.
Aproveite a falta de emoção do mercado para deixar de lado um pouco os gráficos e fazer uma análise mais fundamentalista de novos projetos, mas principalmente daqueles que já fazem parte do seu portfólio. Pesquise seus respectivos sites, verifique qual é a proposta de valor que baseia o criptoativo, em qual setor ele está inserido e quais os protocolos por trás dele. Aproveite os preços baixos para acumular aquelas moedas bem fundamentadas, ou seja, com bom potencial de valorização à medida que sua narrativa e projetos se desenvolvam.