O uso de stablecoins — moedas digitais atreladas a ativos estáveis, como o dólar — continua avançando no Brasil. Em 2025, o mercado movimentou R$ 74 bilhões nesses criptoativos, um aumento de R$ 21 bilhões em relação ao ano anterior, segundo dados da plataforma Biscoint. O crescimento reflete a busca por alternativas mais ágeis, acessíveis e automatizadas para transações internacionais.
Além de permitir transferências instantâneas, as stablecoins vêm sendo utilizadas como infraestrutura para programar pagamentos automáticos baseados em eventos ou regras pré-definidas, ampliando sua função no ambiente corporativo.
Programação de pagamentos traz novo nível de automação
O modelo permite que empresas configurem a execução automática de pagamentos em diferentes cenários — como variações cambiais, recebimento de mercadorias ou vencimento de faturas — eliminando etapas manuais e reduzindo a dependência de intermediários. Esse tipo de automação não é possível nos sistemas bancários tradicionais.
Sofia Düesberg, gerente-geral da Conduit no Brasil, afirma que o setor passa por uma transição significativa. Segundo ela, companhias com operações internacionais lidam com processos de câmbio complexos que geram custos adicionais. A programabilidade oferecida pelas stablecoins possibilita fluxos automatizados alinhados às necessidades operacionais, com impacto direto na eficiência financeira.
Limitações dos sistemas tradicionais estimulam migração
Apesar dos avanços promovidos por soluções como o Pix, o sistema brasileiro de pagamentos instantâneos não oferece mecanismos para vincular a execução de uma transferência a um evento específico. Já os bancos convencionais operam sob horários comerciais e etapas manuais, fatores que limitam a automação integral de fluxos financeiros.
Nesse contexto, as stablecoins surgem como alternativa para quem busca mais autonomia e previsibilidade na gestão de pagamentos internacionais.
Integração com sistemas corporativos amplia uso empresarial
A possibilidade de programar transações com moedas digitais abre espaço para integrações diretas com sistemas corporativos, como plataformas de gestão empresarial (ERPs) e soluções logísticas. Com isso, movimentações financeiras podem ocorrer em tempo real em resposta a eventos do mundo físico e digital, tornando pagamentos e liquidações parte orgânica da operação.
Segundo especialistas, essa dinâmica cria um ecossistema financeiro mais ágil e transparente, com liquidação instantânea e rastreabilidade completa.
Novas oportunidades no cenário global
Para Düesberg, o avanço desse modelo amplia a competitividade das empresas brasileiras no mercado internacional. Ela afirma que a programabilidade reduz riscos operacionais e melhora a eficiência das organizações, permitindo maior alinhamento com fluxos globais de comércio e serviços.



















