A Cisco divulgou os resultados da terceira edição do Índice Anual de Preparação para IA (AI Readiness Index), que avaliou mais de 8 mil líderes empresariais em 30 países e 26 setores. O levantamento identificou um grupo de destaque — denominado Pacesetters ou “empresas referência” — responsável por liderar o avanço da inteligência artificial (IA) em escala global.
Essas organizações representam 13% das empresas entrevistadas nos últimos três anos. No Brasil, o índice é superior à média mundial, com 18% das companhias classificadas como referência, embora o número tenha recuado em relação aos 25% registrados em 2024.
Liderança baseada em resiliência e estratégia sistêmica
De acordo com o relatório, as empresas referência demonstram uma nova forma de resiliência, baseada em planejamento estratégico aliado a dados e infraestrutura robusta.
Cerca de 98% desses grupos afirmam estar projetando suas redes para acompanhar o crescimento e a complexidade da IA, percentual muito superior à média global de 46%.
Essa combinação de visão de longo prazo e bases tecnológicas sólidas tem gerado resultados concretos, especialmente em um cenário marcado pela ascensão dos agentes de IA — sistemas capazes de executar tarefas de forma autônoma — e pela crescente dívida de infraestrutura de IA, que representa gargalos tecnológicos capazes de limitar o potencial de inovação.
Agentes de IA ganham espaço nas estratégias corporativas
Segundo Jeetu Patel, presidente e diretor de Produtos da Cisco, o mercado vive uma transição da fase de chatbots reativos para agentes de IA autônomos. O estudo mostra que mais de 80% das empresas planejam investir nessas soluções, e dois terços afirmam que esses sistemas já atendem ou superam suas metas de desempenho.
O levantamento revela que 83% das organizações no mundo pretendem implantar agentes de IA, e 40% esperam que essas ferramentas trabalhem junto aos funcionários no próximo ano. No Brasil, a proporção é ainda maior: 92% planejam adotar agentes de IA, e 52% preveem integração com equipes humanas até 2026.
Perfil das empresas referência
A pesquisa identifica um conjunto de características comuns entre as empresas consideradas referência em IA:
- Integração estratégica: 99% possuem um roteiro de IA definido, e 91% contam com planos de gestão de mudanças, frente a 58% e 35% da média geral, respectivamente.
- Investimento consistente: 79% priorizam a IA como principal foco de investimento, e 96% têm estratégias de financiamento de curto e longo prazo.
- Infraestrutura escalável: 71% afirmam que suas redes são totalmente flexíveis, e 77% planejam ampliar a capacidade de data centers nos próximos 12 meses.
- Inovação aplicada: 62% têm processos maduros de inovação, e 77% já concluíram casos de uso de IA em produção.
- Mensuração de resultados: 95% monitoram o impacto de seus investimentos, e 71% acreditam que a IA gerará novas fontes de receita — no Brasil, esse índice é de 44%.
- Segurança integrada: 87% reconhecem as ameaças específicas da IA, e 75% estão equipadas para controlar e proteger agentes autônomos.
O estudo aponta que essas práticas têm gerado retornos expressivos: 90% das empresas referência relatam aumento de lucratividade, produtividade e inovação, frente a cerca de 60% entre as menos preparadas.
Dívida de infraestrutura de IA desafia a maturidade tecnológica
O relatório introduz o conceito de “Dívida de Infraestrutura de IA”, uma evolução da chamada dívida técnica, que ocorre quando atualizações e investimentos são adiados, comprometendo o desempenho e a segurança dos sistemas.
Entre os sinais de alerta identificados, 62% das organizações esperam um aumento de 30% nas cargas de trabalho em três anos, enquanto 64% enfrentam dificuldades para centralizar dados. Apenas 26% possuem capacidade robusta de processamento (GPU), e menos de um terço tem mecanismos de detecção de ameaças específicas de IA.
No Brasil, 41% das empresas ainda se enquadram na categoria de “seguidores mais tardios”, com menor nível de prontidão tecnológica.
Valor acompanha a prontidão
O estudo conclui que a preparação para a IA é um fator determinante de competitividade. À medida que os sistemas autônomos e os agentes inteligentes ganham espaço, as empresas mais bem estruturadas tendem a capturar maior valor e retorno sobre investimento.
De acordo com o relatório, a maturidade tecnológica e a governança estratégica serão os principais diferenciais na próxima fase da transformação digital, marcada pela demanda contínua por processamento e aprendizado automatizado.



















