O comércio varejista brasileiro registrou crescimento de 0,2% em agosto, interrompendo uma sequência de quatro meses consecutivos de queda. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio, divulgada nesta quarta-feira (15) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e analisados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Apesar do aumento modesto, o resultado indica sinais de estabilização do varejo em um cenário de juros elevados e incertezas externas. A expectativa para setembro e para o último trimestre do ano é de manutenção desse quadro de estabilidade.
Segundo o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, o desempenho mostra resiliência do setor diante de pressões internacionais. “O resultado de agosto é indício de que nosso comércio está estruturado de maneira capaz de absorver, até o momento, os impactos externos do tarifaço americano sem reverberar ao consumidor final”, afirmou.
Supermercados impulsionam recuperação
O setor de hipermercados e supermercados foi o principal responsável pelo desempenho positivo, com crescimento de 0,4% no mês. A alta acompanha a queda dos preços dos alimentos: no IPCA de julho e agosto, a alimentação no domicílio recuou 0,69% e 0,83%, respectivamente, ampliando o poder de compra das famílias.
“A queda dos preços dos alimentos tem efeito direto no poder de compra das famílias e explica a recuperação nos supermercados”, destacou o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes.
Varejo ampliado supera expectativas
O comércio varejista ampliado — que inclui veículos e materiais de construção — apresentou desempenho mais expressivo, com alta de 0,9% em agosto. O setor de veículos, motocicletas e peças cresceu 2,3%, enquanto o segmento de material de construção avançou 0,1%, consolidando sinais de recuperação após fortes quedas em maio e junho.
Resiliência diante das pressões externas
Mesmo com o impacto do “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos sobre exportações brasileiras, o comércio interno segue resiliente. A CNC avalia que os efeitos do aumento tarifário permanecem concentrados no setor externo, sem impactos significativos sobre o consumo doméstico.