A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Correios) divulgou que registrou um prejuízo avaliado em R$ 2,16 bilhões em 2024, atribuindo parte expressiva desse resultado à nova tributação sobre compras internacionais — popularmente conhecida como “taxa das blusinhas”. A empresa também relaciona o déficit à queda no volume de encomendas vindas do exterior e ao aumento de despesas operacionais e judiciais.
Segundo relatório interno dos Correios divulgado à imprensa, o déficit de R$ 2.160.861.702,75 em 2024 está diretamente vinculado à adoção do chamado programa Remessa Conforme, que alterou o tratamento tributário de remessas internacionais.
A estatal estimou que arrecadaria cerca de R$ 5,9 bilhões com o transporte de produtos importados (principalmente da China) em 2024; entretanto, o valor efetivamente arrecadado caiu para R$ 3,7 bilhões, o que representa uma perda de 37% em relação à expectativa inicial.
Em nota pública, os Correios declararam que a frustração de receita em 2024 decorre “exclusivamente dos efeitos do novo marco regulatório das compras internacionais — uma demanda do varejo nacional que teve impacto positivo para o setor, mas negativo para os Correios”.
Comparativamente, o prejuízo da estatal saiu de R$ 597 milhões em 2023 para R$ 2,6 bilhões em 2024, um salto de mais de quatro vezes. No primeiro semestre de 2025, os Correios já reportaram perdas ainda mais severas: R$ 4,3 bilhões de prejuízo acumulado, superando o rombo anual de 2024. Uma das causas apontadas é a retração acentuada no segmento internacional após a implementação da “taxa das blusinhas”.
Desafios contábeis
Além da queda de receita internacional, os Correios citam outros fatores que agravaram o cenário financeiro:
- Aumento de despesas operacionais e judiciais — com destaque para precatórios e contingências.
- Legado de subinvestimento e sucateamento, resultante de gestões anteriores, que comprometeu a modernização e a eficiência da estatal.
- Perda de participação de mercado no segmento internacional: a estatal afirma que sua fatia, que já atingia aproximadamente 98%, caiu para cerca de 30% em janeiro de 2025.
- Pressão tributária estadual (ICMS) — com ajustes para 20% em diversos estados, que encarecem ainda mais o custo final dos produtos importados.
Plano de ação e perspectivas futuras
ara reverter o quadro, os Correios anunciaram medidas e parcerias estratégicas:
- Adoção de um plano de redução de despesas, com meta de economia de até R$ 1,5 bilhão em 2025.
- Lançamento de um marketplace próprio (Mais Correios), com objetivo de diversificar fontes de receita.
- Projeto de captação de recursos junto ao New Development Bank (NDB), estimado em R$ 3,8 bilhões.
- Pleito de revisão do decreto-lei que regulamenta a tributação simplificada de remessas internacionais, visando mitigar os efeitos negativos sobre as operações dos Correios.
A estatal reitera seu compromisso com a modernização, eficiência e Sustentabilidade, afirmando que manterá seu papel estratégico de logística pública, especialmente em regiões remotas e menos atendidas pelo setor privado.