A Igreja Católica fez história ao eleger seu primeiro papa norte-americano, confiando 1,4 bilhão de fiéis a um missionário que se tornou prelado do Vaticano e que criticou a repressão do governo Trump em relação à imigração. Natural de Chicago e com 69 anos, apareceu na varanda da Basílica de São Pedro e foi apresentado ao mundo como Papa Leão XIV. Ele também é o primeiro pontífice oriundo de um país de maioria protestante.
A eleição do novo Papa, o norte-americano Robert Francis Prevost, marca um momento histórico para a entidade e o cenário internacional. Como o primeiro pontífice dos Estados Unidos, sua escolha reflete não apenas uma mudança na liderança religiosa, mas também pode influenciar as relações diplomáticas e políticas globais.
A escolha inesperada de um papa dos EUA cativou uma multidão de mais de 100.000 peregrinos, turistas e moradores reunidos na praça, um momento antes considerado impossível nos anais da história católica. Em seu discurso inaugural Urbi et Orbi para “a cidade e o mundo”, o Papa Leão emergiu como uma figura unificadora em meio a um cenário de conflitos globais e divisões ideológicas internas dentro da Igreja Católica.
Sua mensagem ressoa poderosamente em um momento em que a Igreja está lutando com tensões entre facções progressistas e conservadoras, enfatizando a necessidade de diálogo e compreensão – um evento histórico que não apenas marca uma mudança significativa na liderança, mas também tem o potencial de inspirar esperança e coesão renovadas dentro da comunidade religiosa global.
Apesar de sua formação norte-americana, Prevost construiu a maior parte de sua trajetória religiosa na América Latina, especialmente no Peru. Ali, destacou-se até alcançar posições de liderança na Cúria Romana. Ordenado padre em 1982, iniciou sua missão no Peru dois anos depois, primeiro em Piura e, posteriormente, em Trujillo, onde permaneceu por dez anos, inclusive durante o governo autoritário de Alberto Fujimori. Prevost chegou a exigir desculpas públicas pelas injustiças cometidas na época.
No momento de sua eleição, ele exercia duas funções significativas no Vaticano: prefeito do Dicastério para os Bispos, responsável pela nomeação de bispos, e presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina.
Prevost tem formação em teologia pela União Teológica Católica de Chicago e ingressou na vida religiosa aos 22 anos. Aos 27, foi enviado a Roma para estudar direito canônico na Universidade de São Tomás de Aquino.
Em 2014, Prevost assumiu a administração da Diocese de Chiclayo, onde foi ordenado bispo, um papel que desempenhou com dedicação por nove anos. Sua liderança no Peru se destacou não apenas na diocese, mas também em importantes funções na Conferência Episcopal local, o que lhe permitiu ter uma influência significativa na gestão e nas políticas da Igreja na região.
Sua trajetória ascendeu ainda mais quando foi nomeado para a Congregação do Clero e, posteriormente, para a Congregação para os Bispos, refletindo seu comprometimento e habilidade em questões eclesiásticas. Em 2023, Prevost alcançou a honra de ser elevado a cardeal, uma posição que ocupou por menos de dois anos antes de ser escolhido como papa, uma ocorrência notável na história recente da Igreja Católica.
Durante a internação do Papa Francisco, Prevost demonstrou sua lealdade e apoio ao liderar uma oração pública no Vaticano, reforçando assim seu papel como um líder espiritual significativo em tempos de necessidade.