Em 6 de janeiro de 2021, o mundo acompanhou em tempo real a invasão ao Capitólio dos Estados Unidos, enquanto redes sociais registravam níveis recordes de engajamento.
O episódio representou não apenas uma crise institucional, mas também o ápice de uma presidência marcada por forte presença midiática e estratégias comunicacionais pouco convencionais.
À frente desse processo estava Donald Trump, ex-presidente dos EUA, cuja abordagem política combinou elementos do entretenimento, marketing digital e confronto constante com instituições tradicionais.
Conflito com Harvard marca novo capítulo político
Atualmente, Trump protagoniza uma nova controvérsia: uma disputa judicial com a Universidade Harvard. A iniciativa envolve a rescisão de contratos entre o governo e a instituição acadêmica, com orientações a agências federais para buscarem fornecedores alternativos.
A medida rompe um relacionamento comercial de décadas com a universidade, que possui a maior dotação financeira do país, e é interpretada por analistas como parte da estratégia política de Trump para se distanciar das elites acadêmicas em sua nova campanha presidencial.
Redes sociais e influência sobre a mídia
Durante seu primeiro mandato, Trump utilizou as redes sociais como principal canal de comunicação direta com o público. De acordo com o Trump Twitter Archive, foram mais de 30 mil tweets publicados antes da suspensão de sua conta.
Apesar da cobertura predominantemente negativa por parte da mídia tradicional — como apontado por estudos da Harvard Kennedy School —, dados da Nielsen Media Research registraram aumento de audiência nos principais telejornais dos EUA ao longo do seu governo.
Essa dinâmica refletiu uma mudança na lógica de consumo de informação: controvérsias geravam engajamento, tanto entre apoiadores quanto críticos. A estratégia de comunicação de Trump favoreceu a simplicidade e a repetição, segundo análises linguísticas da Universidade Carnegie Mellon e dados do Media Cloud do MIT, reforçando mensagens por meio de vocabulário acessível e constante exposição.
O efeito Trump na comunicação política global
A abordagem do ex-presidente continua a influenciar o cenário político global. Pesquisas da Reuters Institute identificam que políticos de diferentes espectros ideológicos, como o italiano Matteo Salvini e a congressista americana Alexandria Ocasio-Cortez, adotaram estratégias digitais semelhantes para ampliar sua visibilidade.
A lição, segundo especialistas em comunicação, é que a era digital exige não apenas informação, mas impacto e memorabilidade.
A fusão entre política, mídia e entretenimento
O fenômeno observado nos anos Trump gerou um novo paradigma: a convergência entre política, jornalismo e entretenimento. Dados da Comscore indicam que portais de notícias registraram picos de audiência durante os momentos mais controversos do governo, seguidos por quedas significativas após sua saída da presidência.
Analistas afirmam que Trump não apenas utilizou os meios de comunicação, mas transformou a forma como eles operam. Como previsto por Marshall McLuhan, “o meio é a mensagem” — e Trump tornou-se o símbolo de uma era em que o conteúdo político é moldado para provocar reações emocionais intensas e engajamento contínuo.
Reflexões sobre o cenário atual
À medida que o ex-presidente se reposiciona politicamente e tenta influenciar novamente a opinião pública, especialistas e observadores destacam que o impacto de sua estratégia vai além de sua figura.
O modelo que ele ajudou a consolidar redefine o papel da mídia, o comportamento do eleitorado e a própria prática democrática.
Mais do que uma questão de concordância ideológica, o debate atual gira em torno da preparação da sociedade para lidar com esse novo ambiente comunicacional — onde a exposição e a polarização se sobrepõem ao debate racional.