A cotação do dólar tem sido marcada por intensas oscilações nos últimos dias, refletindo uma combinação de fatores políticos, econômicos e internacionais que elevaram a incerteza nos mercados. Nesta semana, a moeda americana registrou momentos de alta, chegando a ultrapassar R$ 5,90, antes de recuar e encerrar em torno de R$ 5,92. As movimentações foram impulsionadas por declarações de Donald Trump, tensões entre Estados Unidos e Ucrânia e mudanças no cenário político interno brasileiro.
Impacto do conflito entre Trump e Zelensky na cotação do dólar
Um dos principais fatores que afetaram a cotação do dólar foi o embate entre Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia. Durante um encontro no Salão Oval, os dois líderes divergiram publicamente sobre a postura de Trump em relação à Rússia. Enquanto Trump defendeu uma abordagem mais diplomática e sugeriu que Putin busca um acordo, Zelensky rebateu, afirmando que as cidades ucranianas estão devastadas por anos de conflito.
Esse atrito público gerou novas preocupações sobre os riscos geopolíticos, especialmente em um momento de fragilidade nas relações internacionais. Qualquer escalada no conflito entre Rússia e Ucrânia tende a aumentar a aversão ao risco, elevando a demanda por ativos considerados mais seguros, como o dólar, o que fortalece a moeda americana frente ao real.
Nova ministra no Brasil gera incertezas
Outro elemento que pesou sobre o mercado de câmbio foi a confirmação de Gleisi Hoffmann como nova ministra de Relações Institucionais no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. A troca de comando na articulação política é vista com cautela pelos investidores, especialmente em um momento em que o governo busca consolidar o apoio no Congresso para avançar com pautas econômicas e fiscais.
A nomeação de Gleisi, que tem um perfil considerado mais ideológico e menos pragmático que seu antecessor, Alexandre Padilha, trouxe dúvidas sobre a condução do diálogo com o mercado e sobre possíveis mudanças em políticas estratégicas. Esse fator aumentou a percepção de risco interno, pressionando o real.

Discurso de Trump em Davos e seus efeitos no dólar
A participação de Donald Trump no Fórum Econômico Mundial, em Davos, também contribuiu para o comportamento instável do dólar comercial. Em seu discurso, Trump reiterou sua intenção de reduzir impostos para empresas que produzirem nos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que ameaçou impor novas tarifas a produtos importados.
Embora o tom protecionista não tenha trazido grandes novidades, o mercado reagiu ao reforço dessas promessas, especialmente no contexto de uma Economia global fragilizada. Além disso, Trump sugeriu que a Opep colabore para reduzir os preços do petróleo, o que poderia impactar diretamente as expectativas de inflação e juros nos EUA.
Principais fatores que impactaram o dólar
Fator | Efeito sobre o dólar |
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Conflito Trump x Zelensky | Alta do dólar por maior aversão ao risco |
Nomeação de Gleisi Hoffmann | Incerteza política elevando o câmbio |
Discurso de Trump em Davos | Volatilidade com temores de novas tarifas |
Inflação nos EUA | Pressão sobre política monetária americana |
Preços do petróleo | Impacto indireto via expectativas de inflação |
Dados econômicos reforçam volatilidade
O cenário global já estava delicado antes mesmo desses eventos. O índice PCE, uma das principais referências de inflação nos Estados Unidos, registrou alta de 0,3% em janeiro, tanto na comparação mensal quanto na anual. O resultado veio em linha com as expectativas, mas manteve o mercado em alerta sobre o futuro da política monetária americana.
Com inflação persistente, cresce a expectativa de que o Federal Reserve pode ter menos espaço para cortes de juros, o que reforça a atratividade do dólar em relação a moedas de países emergentes, como o real.
Expectativas para os próximos dias
Os próximos dias devem manter a cotação do dólar em ritmo volátil. O mercado seguirá atento aos desdobramentos da relação entre EUA, Ucrânia e Rússia, bem como a qualquer sinalização adicional de Trump sobre tarifas ou políticas econômicas.
No Brasil, a gestão de Gleisi Hoffmann na articulação política também será monitorada de perto, já que uma condução conturbada pode ampliar o prêmio de risco nos ativos brasileiros. Combinando fatores internos e externos, a taxa de câmbio deve continuar oscilando, refletindo o humor global e doméstico. Entenda se vale comprar dólar em 2025.