O aumento nas tarifas de importação de aço, alumínio e derivados nos Estados Unidos, que passaram de 25% para 50% conforme decreto assinado pelo presidente Donald Trump na última quarta-feira (4), acendeu um alerta no setor brasileiro de refeições coletivas.
Altamente dependente de insumos importados, como equipamentos de cozinha industrial e componentes eletrônicos, o segmento teme que a elevação de custos afete a modernização das operações e impacte contratos públicos e privados.
Dependência de insumos importados preocupa empresários
Segundo a Associação Brasileira de Refeições Coletivas (ABERC), o setor é responsável por mais de 39 milhões de refeições servidas diariamente em 2024, utilizando cerca de 7 mil toneladas de alimentos por dia. A escala e a complexidade operacional tornam o segmento sensível a variações no custo dos insumos.
Para o vice-presidente da ABERC, Rogério Vieira, o impacto da nova política tarifária pode demorar a se estabilizar. “É importante lembrar que uma cozinha no setor de refeições coletivas funciona como um parque industrial, muitas vezes operando 24 horas por dia, sete dias por semana. Com esse desajuste entre Estados Unidos e Brasil, será necessário buscar alternativas em outros mercados para suprir a demanda”, afirmou.
Pressões sobre contratos e preços de commodities
Vieira alerta para os riscos que a elevação das tarifas pode representar para os contratos públicos de alimentação.
“O setor atravessa um momento de instabilidade. Qualquer aumento no preço das commodities, especialmente proteínas, pode rapidamente desequilibrar os contratos firmados com governos e empresas privadas”, disse.
O executivo também observa que o setor de refeições coletivas, assim como todo o mercado de food service, é fortemente atrelado às variações das commodities. Essa dependência torna o segmento ainda mais exposto às oscilações provocadas por disputas comerciais internacionais.
Impactos contraditórios no comércio internacional
Apesar dos desafios, Vieira também vê possíveis efeitos contraditórios decorrentes das tensões comerciais. “A dependência dos Estados Unidos por carne bovina, por exemplo, pode criar oportunidades para o Brasil. Enquanto o aumento das tarifas pressiona nossos custos de produção, ele também pode abrir novas portas para exportação”, concluiu.