O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, foi alvo de protestos durante seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). Dezenas de delegados deixaram o plenário em sinal de repúdio antes mesmo de Netanyahu iniciar sua fala.
Apesar do esvaziamento, o discurso foi transmitido por alto-falantes na fronteira de Gaza, como parte do que o gabinete do premiê chamou de um “esforço de diplomacia pública”.
Em seu pronunciamento, Netanyahu prometeu “terminar o trabalho” de eliminar o Hamas em Gaza, reforçando a posição de seu governo em meio ao conflito que já deixou dezenas de milhares de mortos no território palestino.
Programa Nuclear Iraniano
Benjamin Netanyahu voltou a denunciar o programa nuclear iraniano e a criticar a postura da comunidade internacional diante do tema.
Netanyahu relembrou que, no ano anterior, Israel realizou uma operação no coração de Teerã e conseguiu obter um arquivo nuclear secreto, contendo documentos e vídeos que comprovariam os planos do Irã de desenvolver armas nucleares. Segundo ele, parte desse material foi compartilhada em maio com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), mas a entidade não teria tomado medidas concretas desde então.
“Diante dessa inação”, disse Netanyahu, decidiu revelar publicamente novas informações. O premiê afirmou que o Irã mantém um depósito atômico secreto em Teerã, usado para armazenar materiais nucleares, e acrescentou que há também uma segunda instalação em outro distrito da capital iraniana, cuja foto foi exibida durante o discurso.
Netanyahu acusou o regime iraniano de tentar esconder evidências, alegando que 30 quilos de material radioativo foram espalhados por Teerã para camuflar a retirada de provas. O local, segundo ele, ainda conteria cerca de 300 toneladas de equipamentos e materiais nucleares. “Os moradores estão em perigo”, alertou, pedindo à AIEA que inspecione os depósitos sem demora.
O primeiro-ministro também criticou duramente o acordo nuclear de 2015, lembrando que Israel foi o único país a se opor na ONU. Para ele, o tratado foi construído sobre uma “mentira” de que o Irã não buscava desenvolver armas nucleares e apenas fortaleceu a máquina de guerra iraniana em países como Iraque, Gaza, Síria, Líbano e Arábia Saudita.
Netanyahu citou ainda que, no mês anterior, agentes iranianos foram presos por planejar ataques terroristas nos EUA e na Europa, o que demonstraria que a ameaça vai além do Oriente Médio. Ele lamentou, no entanto, que mesmo diante dessas provas, líderes europeus continuem apoiando o acordo e oferecendo financiamento ao regime iraniano.
“Como filho de um historiador, pergunto: os líderes europeus não aprenderam nada com a história?”, concluiu.
Encontro na Casa Branca
O líder israelense se reunirá na próxima segunda-feira com o presidente dos Estados Unidos, Donald J. Trump, que tem reiterado sua posição de bloquear qualquer tentativa de Israel de anexar a Cisjordânia — mensagem que ecoa as negociações em torno de um plano de paz proposto por Washington e recentemente discutido com líderes árabes.
Em paralelo, um alto funcionário do Hamas afirmou à CNN International que os ataques de 7 de outubro foram “um momento de ouro” para a causa palestina, apesar da devastação causada pelos confrontos subsequentes.