Após anos de forte valorização impulsionada pela alta demanda, o mercado imobiliário da Flórida entra em uma fase de reequilíbrio. A manutenção da taxa de juros pelo Federal Reserve — em nível elevado pela quarta vez consecutiva — tem impactado especialmente os compradores residenciais, desacelerando transações em cidades como Orlando, Miami e Tampa. Ainda assim, especialistas apontam que o momento é estratégico para investidores de longo prazo.
Com cerca de 5,8% do PIB dos EUA, a Flórida continua sendo um dos destinos mais atrativos para alocação de capital. Dados da National Association of Realtors indicam que, mesmo com moderação, a valorização anual de imóveis em cidades-chave do estado varia entre 8% e 12%. Já o U.S. Census Bureau reforça o crescimento populacional consistente na região, sustentando o consumo local e a demanda por habitação.
Segundo Leandro Sobrinho, cofundador da Davila Finance, empresa especializada em investimentos e incorporação imobiliária na Flórida Central, o atual momento exige racionalidade e estratégia:

“Vivemos uma fase de correções naturais no setor. A estabilidade das taxas é positiva, mas o nível ainda elevado dificulta o acesso ao crédito habitacional. Por outro lado, isso abre espaço para operações estruturadas com foco nos próximos ciclos de valorização”, explica.
Com mais de 800 unidades entregues ou em desenvolvimento e um pipeline de US$ 400 milhões em VGV, a Davila Finance adota uma abordagem voltada à resiliência e diversificação — tanto em produtos quanto em regiões. A empresa atua em áreas estratégicas como Winter Garden e Oakland, com visão de resultados sólidos entre 2027 e 2030.
“Nossos projetos são desenhados com foco em consistência. O que está sendo entregue em 2025 já está vendido. Estamos nos posicionando para o próximo ciclo, em que a relação risco-retorno tende a se tornar mais previsível”, comenta Sobrinho.
A empresa — fundada por executivos com histórico em Corporate & Investment Banking — aposta em operações estruturadas e capital dolarizado, tendência que tem ganhado força entre brasileiros. Um levantamento da FGV revelou aumento de 27% na busca por ativos em moeda forte nos últimos dois anos, impulsionado por juros altos e volatilidade cambial no Brasil.
Sobrinho alerta, no entanto, que é preciso cautela:
“O investidor que busca lucros rápidos pode se frustrar. O mercado exige leitura apurada, e surfar ondas já em declínio é um erro comum. Experiência e planejamento são ativos valiosos nesse momento.”
A Flórida respondeu por 23% das compras internacionais de imóveis nos EUA em 2022, reforçando sua posição como destino estratégico, graças à estabilidade jurídica, liquidez e previsibilidade. Em um ambiente geopolítico delicado e com incertezas fiscais nos EUA, essas qualidades se tornam ainda mais relevantes.
“O atual momento não é de retração, mas sim de reposicionamento estratégico. Os melhores resultados vêm de quem sabe construir valor de forma sólida, mesmo em cenários desafiadores”, conclui o empresário.