À primeira vista, pode soar inusitado: o que faz um grupo de agrônomos trabalhando em uma agência de marketing digital? A pergunta tem sido feita com frequência e carrega em si uma compreensão ultrapassada do que é marketing, do que é o agro e, principalmente, do que é resultado.
Durante muito tempo, acreditou-se que marketing digital era sinônimo de impulsionar postagens, criar campanhas com boa estética e acompanhar métricas em tempo real.
Mas no agronegócio, esse modelo simplificado não se sustenta. O setor exige muito mais do que domínio de ferramentas e performance. Exige conhecimento de campo, sensibilidade para os ciclos da terra e intimidade com o vocabulário técnico e prático que movimenta uma das cadeias mais sofisticadas da economia brasileira.
É aí que entram os agrônomos.
Num ambiente cada vez mais orientado por dados, inteligência artificial e decisões automatizadas, o agronegócio vive um salto de sofisticação. A IA já é parte do cotidiano das lavouras, seja no sensoriamento remoto, na gestão de pragas ou nas previsões de produtividade.
Da mesma forma, também tem transformado o marketing digital,otimizando campanhas, personalizando mensagens e acelerando diagnósticos. Mas, por mais que a Tecnologia avance, o elo mais decisivo continua sendo o humano. São as pessoas com repertório técnico, vivência prática e sensibilidade cultural que dão sentido às ferramentas.
O produtor rural, por exemplo, está mais conectado, informado e, acima de tudo, exigente.
Não responde a discursos genéricos, mas sim a conteúdos relevantes, construídos com base em informação precisa e alinhados à sua realidade. E quem consegue produzir esse tipo de comunicação com credibilidade são, em geral, profissionais que conhecem profundamente o setor. Gente que entende o impacto de uma chuva na fase errada, as regras de uma cooperativa, a lógica do calendário agrícola ou a importância de uma decisão sobre fertilizantes com câmbio flutuante.
Hoje, as agências que querem de fato gerar valor para empresas do agro precisam ser, antes de tudo, tradutoras: transformar a complexidade técnica em mensagem acessível; e as tendências digitais, em soluções aplicáveis no campo.
Isso não se faz apenas com dashboards e algoritmos. Isso se faz com gente que, além de entender o funil de vendas e performance, sabe diferenciar uma cultivar de ciclo curto de uma de ciclo longo.
É por isso que cada vez mais agrônomos ocupam posições centrais em agências de marketing digital voltadas ao agro não como exceção, mas como estratégia. São eles que garantem lastro às campanhas, consistência ao discurso e aderência à realidade. São parte da inteligência que conecta produto, canal e linguagem com quem, de fato, decide no campo.
No fim das contas, a pergunta certa não é por que uma agência de marketing digital tem agrônomos. A pergunta é: como uma agência que quer atuar com seriedade no agro conseguiria se destacar sem eles?
Fabricio Macias é VP de Marketing e Diogo Luchiari Fructuos é COO, ambos sócios da Macfor.