A venda de veículos seminovos e usados tem se consolidado como uma das principais fontes de rentabilidade para concessionárias no Brasil, diante das margens estreitas obtidas na comercialização de carros novos.
Além do impacto financeiro, o segmento é visto como uma ferramenta importante para fidelizar clientes. No entanto, especialistas apontam que o avanço desse mercado depende de um sistema de certificação confiável, ainda pouco difundido no país.
Cultura de desconto e falta de padronização
A certificação de seminovos — prática comum em mercados maduros, como nos Estados Unidos e na Europa — ainda é pouco conhecida pelos consumidores brasileiros. Programas internacionais, como o Certified Pre-Owned (CPO), garantem que veículos usados passem por rigorosos processos de inspeção e ofereçam maior segurança aos compradores.
No Brasil, porém, a cultura de priorizar descontos tende a desvalorizar a certificação. Além disso, fatores estruturais dificultam a implementação de programas sólidos. As altas taxas de financiamento, o perfil mais antigo da frota disponível e a falta de padronização no setor de locação e assinatura são barreiras adicionais.
Mudança de abordagem nas concessionárias
Para que a certificação se torne realidade, será necessário alterar a forma como os veículos são tratados desde o momento em que saem de frotas e locadoras.
A criação de espaços próprios e equipes especializadas em vendas de seminovos é apontada como essencial. O foco deve ser oferecer uma experiência de compra próxima à de um carro novo, priorizando transparência e confiança.
Confiança como diferencial competitivo
A jornada do cliente desempenha um papel central nesse processo. Tratar o carro usado “como se fosse novo”, estratégia já adotada por alguns grupos, fortalece a relação de confiança e agrega valor ao produto.
Com mais de 15 milhões de veículos vendidos em 2024, segundo dados do setor, o mercado de seminovos no Brasil tem espaço para crescer com base em modelos de certificação confiáveis. Além de aumentar margens de lucro, a medida pode elevar o padrão de qualidade e profissionalização em toda a cadeia automotiva.