“Independentemente de quem ganhar as eleições, é preciso construir acordos entre EUA e Brasil”, afirmou Thomas Shannon, ex-embaixador dos Estados Unidos para o Brasil, durante transmissão ao vivo da Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil), na última segunda-feira (19).
Segundo a autoridade, é também dever da população cobrar a construção acordos e financiamento de programas para avançar a relação bilateral. “Os governos têm uma capacidade de influenciar o vínculo por um tempo curto, mas a importância em manter o enfoque nos interesses estratégicos é da sociedade”, avalia.
Ontem, foi anunciada a conclusão de um acordo comercial entre Brasil e Estados Unidos . Na visão de Shannon, o vínculo entre o Brasil e os Estados Unidos é muito importante para ambos, sendo estratégico tanto para o Estado quanto para a população.
Meio Ambiente
Ainda que Joe Biden tenha sinalizado retaliação caso o Brasil continuasse a negligenciar as políticas ambientais durante o primeiro debate presidencial, Shannon acredita que o candidato, mesmo se for eleito, não tem condições de forçar o país a fazer nada, abrindo espaço para negociações pacíficas. “O que pode ser feito em relação ao assunto é uma cooperação de ambas as nações para o desenvolvimento e utilização de tecnologias ambientais”, acrescenta.
Multilateralismo
Na análise do diplomata, as visões dos dois os candidatos norte-americanos sobre multilateralismo são muito diferentes: Trump é unilateralista e prioriza o poder econômico, político e militar dos EUA; e Biden reconhece que no mundo globalizado com muitos problemas transnacionais é necessário contribuir com a prática de cooperação internacional.
“Se há algo para aprender é que a globalização existe: se o vírus passou para o mundo inteiro, mostra que, independente de governos nacionalistas, os povos e a sociedade são globais”, manifesta Shannon. Portanto, no que diz respeito à guerra comercial dos EUA com a China, ele aposta em uma abordagem menos agressiva caso Biden vença as eleições e acrescenta: “Foi um erro Trump decidir lutar com China de uma maneira unilateral”.
Corrida Eleitoral
Segundo o ex-embaixador, essas eleições terão uma participação histórica em termos de número de votantes, o que expressa um interesse forte na oportunidade de expressar o voto popular. “Tivemos mais de 28 milhões de pessoas apenas nas votações antecipadas”, comenta. Isso porque, em sua avaliação, o país está passando por um momento de mudanças sociais e demográficas e as eleições representarão essas mudanças nas urnas.
“Pela primeira vez, a população hispano americana terá decisão importante como minoria nos Estados Unidos”, declara o diplomata. Ele acrescenta ainda que grupos que historicamente votaram em republicanos estão mudando: a população mais velha que fez diferença contra Hilary em 2016 está votando diferente. Assim, atualmente, a situação do Trump é bem perigosa: “Ele não está derrotado porque tem a capacidade de ganhar, mas a probabilidade é pouca”.
Dados estatísticas
No início do mês, a Amcham, em parceria com a Bites, consultoria de análise de dados, estpa produzindo relatórios com análises da atuação dos candidatos à presidência Donald Trump e Joe Biden nas redes sociais em diferentes períodos de junho a novembro. Os documentos serão divulgados exclusivamente em uma página especial no site da instituição, que pode ser acessada clicando aqui .
Além disso, em 4 edições, a Amcham em parceria com a Prospectiva Consultoria, analisa a evolução das Eleições 2020, com interesse especial sobre os impactos para as relações bilaterais com o Brasil e para as empresas sediadas no País. Os arquivos avaliam questões como política comercial, investimentos, cooperação internacional, agronegócio e energias. As primeira e segunda publicações já estão disponíveis.