O governo dos Estados Unidos projeta uma arrecadação de pelo menos US$ 50 bilhões por mês com tarifas de importação, à medida que entram em vigor as novas alíquotas impostas sobre produtos de dezenas de países. A estimativa representa um salto em relação aos US$ 30 bilhões arrecadados no mês anterior.
A previsão foi divulgada nesta quinta-feira (8) pelo secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, em entrevista à Fox Business Network. “Você terá semicondutores, produtos farmacêuticos, e todo tipo de receita adicional entrando nos cofres públicos”, afirmou.
As novas tarifas, determinadas pelo presidente Donald Trump, elevam a alíquota média de importação dos EUA ao maior nível registrado em um século, com impostos variando entre 10% e 50% para diferentes grupos de países.
Entre as medidas anunciadas, está também uma tarifa de até 100% sobre chips semicondutores importados, caso os fabricantes não se comprometam a instalar unidades de produção em solo americano. Produtos farmacêuticos também poderão ser tarifados em até 250% gradualmente.
Detalhes adicionais sobre as tarifas setoriais devem ser divulgados nas próximas semanas, após a conclusão das investigações do Departamento de Comércio sobre o impacto das importações na segurança nacional.
Lutnick explicou que empresas poderão solicitar isenções das tarifas previstas, desde que apresentem planos concretos de construção de fábricas nos EUA, supervisionados por auditores designados. “O objetivo do presidente Trump é trazer a fabricação de semicondutores de volta para os EUA. Isso pode gerar até US$ 1 trilhão em investimentos no setor industrial americano”, disse o secretário.
Acordos bilaterais já estão sendo estabelecidos. A União Europeia aceitou uma tarifa de 15% sobre a maioria de seus produtos exportados — incluindo chips — e o Japão garantiu que não enfrentará alíquota superior à aplicada a outros países.
A movimentação atual dá continuidade aos esforços iniciados com o programa CHIPS Act, aprovado pelo Congresso em 2022 durante o governo Biden, que destinou US$ 52,7 bilhões em subsídios à indústria de semicondutores nos EUA. Em 2024, as cinco principais fabricantes globais anunciaram fábricas no país.
Atualmente, os Estados Unidos produzem cerca de 12% dos semicondutores globais, uma queda significativa frente aos 40% registrados em 1990, segundo o Departamento de Comércio.
Lutnick também comentou sobre as negociações em curso com a China, voltadas à extensão da trégua tarifária, com vencimento marcado para 12 de agosto. “Parece provável que haverá um acordo para prorrogar por mais 90 dias, mas deixarei essa decisão para o time de comércio e para o presidente”, concluiu.