A época de provas do enem e dos vestibulares é um dos momentos de maior pressão para os jovens.
Isso porque eles estão passando por uma transição na escola e, além de terem de estudar ainda mais devido aos vestibulares e ao Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM), precisam definir a profissão que vão seguir.
Mas será que eles estão, de fato, preparados para tudo isso?
Na opinião da assessora pedagógica do Colégio Bom Jesus Lourdes, de Curitiba (PR), Andreia Hoffmann, sem dúvida trata-se de um momento de tensão maior para os estudantes.
Em sua avaliação, escolher uma profissão ou redirecionar a carreira é algo que, em qualquer momento da vida, gera insegurança.
Nessa fase, é ainda mais difícil.
“Para os jovens de 17 ou 18 anos, esse momento acontece quando muitos deles ainda não possuem maturidade para uma definição tão importante e que interfere diretamente na realização pessoal, profissional e financeira. A maior parte deles tem pouco aprendizado de vida, pouco autoconhecimento e pouca informação sobre as profissões, fatores que, muitas vezes, dificultam ou até comprometem a qualidade da escolha”, atesta.
Muito mais do que apenas uma pressão maior nos estudos, há ainda outros fatores, como a necessidade da aprovação nos processos seletivos.
Segundo a assessora, pais e professores têm grande importância neste momento de transição.
Embora com papéis diferentes, família e escola podem e devem reconhecer a dificuldade desse processo e acolher o jovem.
“A família pode auxiliar na reflexão e definição dos critérios que o jovem estabelecerá como importantes, mas precisa tomar muito cuidado para não influenciar direta ou indiretamente ou ainda impor a profissão a ser definida. É importante apoiar, mas também respeitar a decisão do filho”, avalia Andreia.
Segundo ela, os critérios para essa escolha devem ser definidos e entendidos efetivamente como um processo, no qual refletir sobre seus interesses (ou falta de interesse), suas habilidades e características pessoais, assim como buscar conhecer cada profissão (informação profissional) é necessário para que a definição da carreira seja consciente e acertada.
A escola, explica Andreia, deve oportunizar momentos de sensibilização quanto à importância da escolha profissional, propiciar a reflexão e o autoconhecimento, propor discussões sobre os principais critérios para esse processo e, principalmente, oportunizar momentos para conhecer as carreiras.
“A escola pode auxiliar no desenvolvimento de um pensamento mais amplo e autônomo dos jovens, compreendendo a complexidade desse momento e que não existem respostas prontas, imediatas e únicas para a escolha profissional”, completa.
O novo ensino médio ajuda a escolher sua carreira sem desfocar das provas do ENEM e dos vestibulares
Por isso, o Colégio Bom Jesus implantou, a partir da 1.ª série do Novo Ensino Médio, que teve início no corrente ano, o componente curricular chamado Projeto de Vida.
A ideia é facilitar a escolha da trilha formativa do aluno, ou seja um caminho que o conduzirá em toda a trajetória de Ensino Médio, encorajando-o a entender os impactos das próprias escolhas e buscando desenvolver habilidades socioemocionais, autoconhecimento e conhecimento do próximo.
As atividades propostas nesse componente curricular demandam interação e reflexão, favorecendo processos de sensibilização, conscientização e construção individual e coletiva, por meio da compreensão das três dimensões fundamentais: pessoal, social e profissional.
“O Novo Ensino Médio oportuniza a vivência de momentos de escolhas e contato com atividades diferentes, favorecendo o autoconhecimento e, consequentemente, a escolha profissional”, diz a assessora do Bom Jesus.
Caso o estudante encontre muita dificuldade em se organizar para esse processo, uma alternativa viável é buscar um serviço de orientação profissional externo.
Porém, é importante ter claro que é preciso refletir, buscando conhecer as profissões (o que estuda, onde estuda, áreas de atuação, perfil necessário, perspectivas de mercado, entre outros) e se autoconhecer.
Foi o que a estudante do Ensino Médio do Colégio Bom Jesus, Maria Fernanda Marinoni Veiga, fez.
Ela conta que escolher a profissão não foi um processo fácil e que um ano antes do Terceirão já se preocupava com isso.
Com o apoio da família e dos professores, decidiu fazer orientação vocacional e assistir a palestras sobre as possíveis áreas (Direito ou Medicina).
Após optar por Medicina, visitou hospitais para conhecer a rotina dos profissionais mais de perto.
“É um momento que gera uma ansiedade muito grande, é muito difícil escolher a profissão. Mas você deve trabalhar essa ansiedade com você mesma, buscar informações e definir o que quer”, afirma a estudante.
Gabriela Buczenko Singer, outra aluna do Colégio, considera o momento desafiador.
Para escolher a área que pretende seguir – Medicina também –, refletiu muito e trabalhou num processo de exclusões.
“Eu sabia que não faria nada na área de Ciências Exatas, por exemplo, e no fim da reflexão acabei ficando entre Humanas e Natureza. Optei por Medicina depois de acompanhar a rotina de alguns colegas que já estão na faculdade”, conta Gabriela.