A educação financeira tem ganhado espaço nos debates públicos, mas ainda encontra barreiras na prática cotidiana dos brasileiros.
Mesmo com o aumento do acesso à informação e com ferramentas digitais mais acessíveis, grande parte da população enfrenta dificuldades para administrar recursos, equilibrar o orçamento e se preparar para imprevistos.
Segundo levantamento da Serasa Experian, 78,2 milhões de brasileiros estavam endividados em julho de 2025, o que representa 47,9% da população adulta.
A pesquisa evidencia um cenário preocupante: muitos consumidores desconhecem a real situação de suas finanças. Outro estudo, conduzido pelo Instituto Locomotiva, mostra que 73% dos brasileiros não possuem reserva de emergência — número que chega a 77% entre as classes C e D.
Para Marlon Tseng, especialista em soluções de pagamento digital, o problema não se resume à renda. “Muitos acreditam que a falta de dinheiro é o principal problema, mas o que realmente pesa é a falta de organização e consciência financeira. Sem planejamento, qualquer renda se torna insuficiente”, avalia.
Erros mais comuns na gestão financeira
A seguir, estão os sete principais comportamentos que comprometem a saúde financeira de grande parte dos brasileiros, segundo especialistas da área.
1. Falta de planejamento financeiro estruturado
A ausência de um plano financeiro claro é um dos erros mais frequentes. Muitas pessoas desconhecem exatamente quanto ganham e quanto gastam, o que dificulta a definição de metas e o controle do orçamento. Para Fernando Lamounier, educador financeiro, “o planejamento financeiro não é apenas para quem tem renda alta, mas para qualquer brasileiro que busca segurança e autonomia financeira”.
2. Desconsiderar pequenas despesas recorrentes
Gastos aparentemente inofensivos, como assinaturas automáticas, refeições fora de casa e compras por impulso, quando somados, representam uma fatia expressiva do orçamento. Identificar e revisar essas despesas ajuda a evitar desperdícios e reorganizar prioridades.
3. Atraso no pagamento de contas e dívidas
O acúmulo de juros e multas decorrentes de atrasos é um dos principais fatores que agravam o endividamento. Além do impacto financeiro, compromete o histórico de crédito e dificulta novos financiamentos. Organizar datas de vencimento e usar lembretes automáticos são formas eficazes de prevenção.
4. Ausência de reserva de emergência
A falta de um fundo de emergência torna o consumidor vulnerável a imprevistos, como despesas médicas ou perda de renda. Criar uma reserva, mesmo que aos poucos, reduz a dependência de crédito e garante maior estabilidade financeira.
5. Misturar finanças pessoais e profissionais
Empreendedores e autônomos frequentemente misturam gastos pessoais e empresariais, dificultando o controle financeiro. Separar contas e registrar todas as movimentações permite uma gestão mais clara e eficiente dos recursos.
6. Orçamento desatualizado ou sem revisão periódica
Planejar sem revisar compromete a efetividade do orçamento. Alterações econômicas e novas prioridades exigem ajustes constantes para evitar desequilíbrios financeiros.
7. Resistência ao uso de ferramentas digitais
Embora existam diversos aplicativos e plataformas de controle financeiro, muitos ainda optam por métodos manuais. Ferramentas digitais permitem automatizar registros, emitir alertas e identificar padrões de consumo, facilitando decisões mais conscientes.
Educação financeira como ferramenta de transformação
Especialistas apontam que Tecnologia e educação financeira caminham juntas e podem ser decisivas para reverter o cenário de endividamento no país. Com organização, planejamento e acesso a ferramentas adequadas, consumidores conseguem evitar dívidas, criar reservas e tomar decisões mais estratégicas sobre o uso do dinheiro.