A pandemia causada pelo novo coronavírus e a alta do dólar em 32,6% nos últimos meses, têm reacendido as oportunidades do e-commerce voltado ao mercado exterior.
Essa é a principal conclusão do especialista em comércio internacional, Felipe Dellacqua, durante uma entrevista concedida por ele para a revista Capital Econômico.
Felipe é presidente da ABECOM-CB (Associação Brasileira de E-commerce Cross-Border), além de sócio e VP da VTEX, uma das principais plataformas de Digital Commerce Solutions com presença em mais de 34 países.
A venda online de produtos de um país para o outro é conhecido como o e commerce “Cross Border”. O termo, significa “além de fronteira” e apesar de pouco conhecido aqui, é uma prática que atua há anos no mercado, ainda que mais fortemente na compra de produtos de fora do que na venda.
Segundo Felipe, de acordo com pesquisas do mercado, o brasileiro gastou mais de USD $ 2 bilhões de dólares em compras nos sites internacionais, com destaque para o Amazon e AliExpress, sendo esse o terceiro e-commerce mais acessado do Brasil (atrás do Mercado Livre e Americanas.com), e responsável por só no primeiro trimestre de 2020 faturar mais de um trilhão de dólares.
Vender para fora
Durante a conversa, Felipe apontou que uma das missões desse crescente mercado é movimentar e levar mais nossos produtos brasileiros para o público do exterior. “Queremos levar os produtos brasileiros para outros países e evangelizar nosso país para competir suas marcas que são tão competentes, quanto às outras de fora”, ressalta o especialista, que ainda aproveita para promover novos debates. “Se somos um país com uma moeda fraca e ainda assim compramos muito de sites internacionais, por que não fazemos o inverso? Por que não vender e levar nosso produto para consumidores de outros países?”, indaga.
A pandemia pelo Covid 19 fortaleceu ainda mais esse mercado. Dellacqua afirma que hoje 20% de toda a venda online, ou seja, a cada cinco pedidos, uma já é de um país para o outro que a tendência disso “é crescer absurdamente nos próximos anos.”
Outro ponto destacado pelo especialista é a demanda no mercado lá fora por produtos brasileiros. Os próprios brasileiros que vivem em outros países, em busca de segurança, estabilidade econômica e uma série de outros fatores, não rompem seus laços e ainda querem consumir marcas e insumos oriundos do Brasil.
Além disso, a alta do dólar este ano fez com que os produtos brasileiros ficassem mais competitivos e baratos lá fora. “A oscilação do dólar para o brasileiro é ótimo para a exportação. O que o empreendedor deve fazer é precificar seu produto para o mercado estrangeiro. Um produto que ele vende a R$ 300 aqui pode custar 100 USD, por exemplo. Então, mesmo se houver variação, que vai aumentar ou diminuir a margem, mas na grande maioria dos casos, ele vai estar vendendo sempre acima do que vende no Brasil. É sempre positivo ter seu preço precificado em dólar”, explica Felipe.
Mais um atrativo que facilita esse modelo de negócio é a própria tecnologia.
O presidente da ABECOM-CB explicou que para investir em um site de vendas globais não é preciso grandes investimentos, e é possível poder integrar suas vendas nas entregas do Sedex, por exemplo, e hospedar sua loja virtual em sites de grandes marcas online como Amazon, nos Estados Unidos – essa modalidade é conhecida como Marketplace.
E engana-se quem pensa que o mercado de exportação é complexo e limitado às grandes commodities como petróleo e soja. Esses são insumos que necessitam de vários processos como, por exemplo, a liberação de aduaneiros, distribuidores locais, contêineres para acomodar o produto. Já no e-commerce Cross Border, não há tantas complicações e, segundo Dellacqua, é mais simples, pode-se utilizar o mesmo Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) brasileiro e apenas precisa alterar o CFOP da nota fiscal para emitir com classificação de vendas de produtos no exterior.
Dentre os mercados com maior potencial de consumo no exterior, Felipe destaca os setores de moda, calçados e brinquedos. “Não é qualquer exportação que seja garantida ter sucesso lá fora. O setor de eletrônicos, por exemplo, não faz sentido ter uma operação global porque é um produto que vem da China. Já os artesanatos, livros, produtos que sejam desenvolvidos no Brasil como brinquedos de madeira, que são bem visto porque temos matéria prima de qualidade e criatividade, tem sim um grande potencial”, completa.
Pesquisar é fundamental
O especialista Felipe Dellacqua, que possui um Ebook e artigos sobre como iniciar um e commerce Cross Roder, além de suas redes sociais com informações sobre o assunto, apontou alguns fatores que contribuem para o sucesso no desenvolvimento de um modelo de negócio global de sucesso (mais informações também podem ser acessadas no site e redes sociais da ABECOM-CB).
Um dos primeiros passos, é pesquisar informações no mercado (mesmo que sejam nos concorrentes), definir seu preço, público e investir em fotos e comunicação. Assim, busque uma plataforma de venda e commerce que oferece dispositivos para a atuação global. É necessário que seu site seja em mais de um idioma – principalmente o idioma inglês, língua conhecida mundialmente – e outras como espanhol, para o mercado da América Latina, e francês e alemão, por exemplo, focando em países da Europa. Para fazer um projeto e ter sucesso de vendas online para o exterior, é possível conversar com especialistas da área da VTEX em vendas vetex.com.br.
Outra atenção é com relação a precificação e pagamento: os produtos devem ter custo em moedas diferentes, pois o cliente de fora deve saber o preço do insumo em seu câmbio local. Já o pagamento deve ser por plataformas como Paypal, por exemplo, que aceitam cartões internacionais e vendem em diferentes moedas. A nota fiscal, que deve ser com aceitação global, precisa conter o valor do produto com a cotação da moeda no dia da compra.
No item logística, o negócio precisa atender o território global e ter multi transportadora via redes como Sedex, Correios Exporta Fácil, entre outras. E lembre-se: no site é preciso ter uma tabela de preço atualizada, regiões onde seu produto chega e qual prazo de entrega.
Outro requisito importante é a tropicalização do produto: não basta ter tudo isso se o cliente não reconhecer a mercadoria de acordo como ele conhece no mercado local. Ou seja, é importante se atentar para a gramática e referências de como o produto é nomeado em cada país. No setor da moda, por exemplo, é preciso levar em consideração aspectos como numerações de calçados e tamanhos de roupas, que mudam em cada lugar de acordo com o biotipo do povo local. Isso vai evitar a logística reversa, que abrange as trocas e devoluções.
Sobre o especialista
Felipe Dellacqua é sócio e VP de vendas da Vtex (plataforma de Digital Commerce Solutions com presença em mais de 34 países) a frente de verticais como Fashion e Cross-Border. Presidente da ABECOM-CB (Associação Brasileira de E-commerce Cross-Border), Dellacqua foi um dos embaixadores do cross-border no país, sendo responsável pela criação do Movimento Brasil Global, que uniu a indústria de empresas globais para difundir o assunto no Brasil. Ministra cursos de MBA na Unicamp, ESPM, Faculdade Impacta e faz parte da banca de mentores do MBA de empreendedorismo da FIAP. Empreendedor serial do mercado digital desde 2006 e fundador de 4 empresas.
Já a VTEX é a plataforma de Cloud Commerce que unifica a experiência do cliente em todos os canais em uma solução corporativa abrangente. A VTEX tem a confiança da Sony, Walmart, Whirlpool, Coca-Cola, Stanley Black ﹠ Decker, Nestlé e mais de 2.500 lojas on-line em 28 países. Em 2018, a empresa foi nomeada uma das principais players nas plataformas de comércio digital pelo IDC e Gartner. A VTEX continua liderando o setor onde muitas empresas estão fornecendo serviços com tecnologias não atuais.
Visite: vtex.com
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